Annabelle 3: De Volta Para Casa

Annabelle 3: De Volta Para Casa
(Annabelle 3)
Data de Estreia no Brasil: 27/06/2019
Direção: Gary Dauberman
Distribuição: Warner Bros. 
Já nos primeiros minutos somos presenteados, através de uma cena com o casal Warren em seu carro, com a certeza de que Annabelle 3 se propõe a fazer aquilo que todos os filmes de horror deveriam fazer: subverter as expectativas. Isso implica tanto em construir falsos jump-scares, quanto em buscar formas novas de entreter o espectador, fugindo dos incontáveis sustos previsíveis cada vez mais presentes nos filmes de terror comerciais.
A história segue Judy Warren (McKenna Grace), filha de Ed e Lorraine, que logo após a captura e aprisionamento da boneca Annabelle por seus pais, fica sozinha em casa com sua babá Mary (Madison Iseman), enquanto seus pais fazem uma viagem. Tudo começa com a chegada da melhor amiga de Mary, Daniela (Katie Sarife), apaixonada por histórias de terror, que inconvenientemente se junta às duas na casa dos Warren. É quando os instintos de curiosidade de Daniela falam mais alto e ela decide adentrar o quarto repleto de objetos e móveis amaldiçoados. Logo, uma onda de horrores passa a tomar conta da casa, principalmente por conta do objeto mais perigoso do quarto: Annabelle.

O diretor Gary Dauberman aposta na tensão gerada por quartos escuros, uma câmera em movimentos lentos e toda uma concepção de ambiente aterrorizante. Obviamente os jump-scares ainda se fazem presentes, mas bem menos do que o esperado. Aqui, o clima é todo muito bem preparado para anteceder um susto, ou simplesmente nos deixar esperando eternamente por ele. É usando de uma exímia condução do suspense que Annabelle 3 se distancia das produções de terror convencionais, e faz jus ao estilo de direção de James Wan (que aqui colabora na produção e história do filme), criador do universo em questão.

Em meio a toda tensão e correria pela casa, o roteiro ainda encontra espaço para expor, mesmo que de forma superficial, um pouco da vida pessoal das personagens, como por exemplo o trauma de Daniela. Esse lado sensível e humano, não apenas torna a trama um pouco mais leve e digerível, como também dá um tempero à narrativa e permite que o expectador se envolva (e quem sabe até se identifique) ao menos por alguns minutos, com uma experiência dramática interessante. Mas nada que chegue perto da intimidade compensadora que criamos com os personagens da franquia de filmes Sobrenatural.

Com boas atuações das 3 meninas, principalmente de McKenna Grace – que vem provando cada vez mais ter talento para o terror – a obra se desenrola buscando pequenos alívios cômicos que felizmente não vêm a estragar a experiência de medo do espectador. O problema do filme é que embora o roteiro inove na forma como gera tensão, ele traz as mesmas fórmulas básicas para resolver essa tensão. Os clichês (olhar embaixo da cama, ir em direção ao barulho, etc) estão por toda a parte, e não há de fato uma novidade nem na premissa, e nem na resolução do todo. Se passando praticamente todo na casa dos Warren, no fim são apenas 3 meninas fugindo, da maneira mais simples possível, de espíritos malignos e demônios em busca de uma alma.
Por bem, essa falta de originalidade narrativa não afeta tanto o filme, pois a proposta de transmitir pavor com cenas sufocantes e muito bem dirigidas é garantida com sucesso, tanto para quem já é fã da franquia e do universo, quanto para quem simplesmente busca se aventurar em um filme de terror. Ainda que não ouse de maneira criativa dentro do terror como algumas produções independentes de terror (Hereditário), Annabelle 3 está definitivamente acima de outros spin-offs do universo e/ou recentemente produzidos por Wan, como por exemplo os problemáticos A Freira e A Maldição da Chorona.