Demon

Demon
Direção: Marcin Wrona
Distribuição: Orchard, The

             Fruto de uma contribuição entre dois países, Polônia e Israel, “Demon” acompanha Piotr em sua viagem até a Polônia para conhecer a família de sua noiva Zaneta e realizar um casamento à moda da tradição judaica. Os dois recebem do pai de Zaneta a casa de seu avô para constituir seu futuro lar e é enquanto mexe na antiga casa que Piotr começa a ter visões esquisitas e manifestações físicas estranhas em seu próprio corpo.

         O primeiro ato de “Demon” é extremamente curto (algo em torno de 15 minutos) e serve apenas para estabelecer algum tipo de estrutura básica para o filme e a base narrativa acima descrita. Tal premissa soa a um primeiro momento extremamente interessante, porém o filme parece ansioso demais para partir logo para o desenvolvimento da trama, o que faz com que o primeiro ato seja espremido demais, prejudicando muito nossa compreensão sobre o que está acontecendo e quem são os personagens. A pressa facilmente observável na montagem de “Demon” também prejudica muito seu tom e principalmente seu ritmo, tornando difícil para o público se envolver com os personagens e com a história, que ganham pouquíssimo tempo de desenvolvimento. Os atores se esforçam para dar alguma personalidade à seus personagens, mas o roteiro parece incapaz de fazê-los interessantes, com diálogos que sempre parecem forçados e deslocados.

                No entanto, o principal problema de “Demon” é realmente a irregularidade de seu roteiro, que não consegue delimitar um campo de atuação para a história que o filme se propõe a contar. A história perpassa vários gêneros em momentos distintos, passando pelo suspense psicológico, por um formato mais tradicional de filme de possessão demoníaca e chegando inclusive até alguns momentos de puro humor satírico. Considero inclusive que este teria sido o desenvolvimento mais interessante a ser feito com a história fornecida pelo roteiro, mirando em um tipo de humor no estilo da “trilogia do Cornetto” de Edgar Writght e Simmon Pegg.

                   Visualmente, “Demon” consegue constituir uma estética interessante, com uma paleta de cores saturadas e um predominante tom de cinza. A direção de Marcin Wrona, por sua vez, é tão irregular quanto o restante de seu filme, apresentando algumas soluções visuais muito interessantes em algumas cenas, mas em outras sendo incapaz de filmar ações banais de forma clara, tornando estes momentos difíceis de sequer compreender o que está acontecendo.

                   No fim das contas, “Demon” é um filme cheio de ideias interessantes, como por exemplo as discussões que traz sobre as tradições e o quanto é escondido por debaixo dos panos para se manter as aparências, o quanto de vista grossa uma pequena comunidade é capaz de fazer pela manutenção de uma situação de normalidade. Entretanto, uma execução mal feita e que parece apressada em vários momentos dá origem a um filme cheio de imperfeições e irregularidades, e que por conta disso concretiza-se em algo apenas “Regular”.