“Faaaala galera, bem vindos a mais um RDM!”… se você é ouvinte do nosso podcast semanal (se não é, deveria), já teve esta frase gritada em seu ouvido inúmeras vezes. Porém, apesar da assiduidade assombrosa de nosso programa (desde que começou, o rdm esteve no ar em todas quinta-feira, sem falta), não é possível falar sobre todos os filmes do ano. Mesmo aqui no site, por inúmeros motivos, deixamos passar alguns filmes e perdemos a oportunidade de escrever sobre eles.
Sendo assim, esta lista tem como principal objetivo falar sobre 5 dos filmes de horror mais subestimados de 2017, aqueles que você talvez tenha até ouvido falar, mas não conseguiu (ou não quis) assistir. Falo brevemente sobre estes títulos e recomendo-os na esperança de que estes ótimos filmes encontrem um público mais amplo, como julgo que de fato mereçam. Sem mais delongas, vamos à lista:
5. “Rastros”
Começando com o mais “diferentão” da lista, “Rastros” é um filme polonês que mistura vários gêneros cinematográficos para criar algo original e marcante. Apesar de falho em questões de ritmo e estruturação de narrativa, o filme dirigido por Agnieszka Holland e Kasia Adamik é capaz de conquistar a audiência logo de cara com sua premissa intrigante. Com bem dosados toques de comédia e horror, acompanhamos a aposentada Janina Dusjeiko, uma apaixonada defensora de vidas animais que entra em desespero com o fanatismo pela caça apresentada pelos habitantes da pequena cidade polonesa em que vive. Quando corpos caçadores começam a aparecer na mata, Dusjeiko passa a defender a existência de uma vingança dos animais caçados contra seus agressores, enquanto a polícia local foca sua investigação na existência de um serial killer.
Sabendo usar muito bem a “excentricidade” de sua protagonista, “Rastros” nos coloca narrativamente a seu lado para questionar normas sociais, coisas que fazemos como uma coletividade sem atentar para seu significado e consequência. Como o excelente poster acima indica, há muito sobre nossas falhas e vícios sociais que pode ser aferido a partir de nossa atitude arrogante e destrutiva frente à natureza, algo que “Rastros” explora muito bem. Não é um filme perfeito, e já aviso que é bastante lento, mas garanto que vale a pena conferi-lo.
4. “Better Watch Out”
Serei o primeiro a admitir que o poster de “Better Watch Out” não parece nem de longe ser indício de um bom filme. Mas, peço que você não me abandone neste momento, pois posso lhe garantir que isso é proposital. Escrito por Zack Khan e Chris Peckover (que também assina a direção), o roteiro de “Better Watch Out” é uma grande brincadeira com convenções do sub-gênero do horror “invasão domiciliar”. Longe de ser uma paródia, como Pânico por exemplo, o filme conta sua própria história de horror de uma forma extremamente inteligente e engajante. Ágil, surpreendente e permeado por ótimas atuações, “Better Watch Out” certamente vale a pena ser assistido. Aliás, recomendo que você não busque mais informações sobre o filme. Apenas aproveite a viagem.
3. “February”
Continuando nossa lista, “February” é um filme que, se olharmos apenas para sua premissa inicial, tinha tudo pra ser formulaico. Contando a história de duas meninas que acabam ficando uma semana em um internato católico quando seus pais não vão buscá-las na data estipulada, “February” (em alguns lugares ainda aparece como “The Blackcoat’s Daughter) se beneficia de uma montagem e de uma excepcional direção para sair do lugar comum e tornar-se um thriller extremamente efetivo. Enquanto a edição embaralha as e linhas narrativas e temporais de forma intrigante, a ótima direção do também roteirista Oz Perkins confere ao filme uma estética que encontra um estilo muito próprio e distinto. Sem jump scares ou criaturas aterrorizantes, “February” se apóia apenas em sua narrativa para extrair o máximo de tensão e suspense, algo que executa à perfeição.
2. “The Berlin Syndrome”
“Berlin Syndrome” é um dos filmes mais assustadores que vi em 2017, pois estuda as profundezas do que há de mais assustador dentro da psiqué humana. O ideal é ir assistir à este filme sabendo o menos possível sobre sua trama, portanto vou apenas dizer que sua narrativa é genialmente conduzida em sua lida com nossas expectativas, bem como as atuações de seus protagonistas são impecáveis (Max Riemelt e principalmente Teresa Palmer). Apenas assista. Se envolva. Se emocione.
1. “Personal Shopper”
Um dos filmes mais originais que assisti em 2017, “Personal Shopper acompanha Maureen, uma americana que se vê presa em paris quando seu irmão gêmeo falece e ela precisa cumprir uma promessa feita à ele, de que esperaria próximo ao lugar de seu falecimento por um sinal de sua existência pós-morte. Vivendo provisoriamente em Paris, Maureen trabalha para uma socialite levando e buscando os vestidos e jóias que ela usará em festas e ensaios fotográficos.
O que começa como uma alegoria para o trauma e o medo vai aos poucos escalando para algo totalmente diferente, em uma trama extremamente ambiciosa que consegue englobar drama, horror e crime em um só filme. Essa abrangência que tinha tudo para dar errado se apóia em uma excepcional atuação de Kristen Stewart e é magistralmente conduzida pelo diretor e roteirista Olivier Assayas, culminando em um dos melhores filmes de horror de 2017.
Concorda com a lista? Qual outro filme de horror de 2017 foi esnobado pelo grande público? Deixe suas opiniões nos comentários e fique sempre de olho no República do Medo para acompanhar sempre a melhor cobertura e análise sobre o cinema de Horror.