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8 adaptações de O Fantasma Da Ópera para conferir durante a quarentena

Quase todo mundo conhece a icônica história de O Fantasma da Ópera, certo? O compositor atormentado com o rosto desfigurado que vive no subsolo da Ópera de Paris e faz de tudo para que Christine Daaé, uma jovem cantora, triunfe em sua carreira. O famoso personagem apareceu pela primeira vez na história do escritor francês Gaston Leroux, publicada de forma serializada entre 1909 e 1910, sendo posteriormente publicada em um único volume em 1910.

A história escrita por Leroux não se transformou apenas em um clássico literário, com edições e traduções no mundo inteiro, mas extrapolou imensamente seu âmbito de criação, rendendo famosas adaptações cinematográficas, peças de teatro, um musical de sucesso e até mesmo aparecendo em músicas de bandas como Iron Maiden e Nightwish.

Está de quarentena em casa e não sabe o que assistir? Vem comigo que vou te mostrar oito adaptações do Fantasma da Ópera que merecem ser conferidas e uma que deve ser evitada (depois não diga que eu não te avisei).

O FANTASMA DA ÓPERA (1925)

Apesar de provavelmente a mais famosa, a versão muda de 1925 não é a primeira adaptação cinematográfica da narrativa de Leroux! Em 1916, uma produção alemã, hoje considerada perdida, trouxe às telas a história, contudo não sobreviveram cópias, fotografias nem pôsteres. Tudo o que sabemos é que a produção foi filmada no outono de 1915, sendo apenas conhecida por meio de referências feitas em outras mídias.

Lançado em 25 de novembro de 1925, o filme conta com Lon Chaney no papel do fantasma que assombra a Ópera de Paris e é essencial na lista de qualquer fã de terror. Considerada uma das adaptações “mais fieis” do livro, a produção é um clássico do cinema e a cena em que o fantasma tem sua face monstruosa revelada é considerada, até os dias atuais, como um dos momentos mais apavorantes da história do cinema! Inclusive, diz a lenda que muitos espectadores e espectadoras chegaram a gritar e desmaiar nos cinemas durante a revelação.

O filme ficou famoso pela maquiagem de Chaney (conhecido por criar suas próprias maquiagens e máscaras), considerada a mais próxima da descrição feita no livro, que foi guardada a sete chaves pelo estúdio até a estreia do filme. Também vale a pena conferir a cena do baile de máscaras, um dos primeiros usos de technicolor da história do cinema!

Curiosidade: nos Estados Unidos o filme se encontra em domínio público desde 1953 porque a Universal não renovou os direitos autorais.

O FANTASMA DA ÓPERA (1943)

Produzida e distribuída pela Universal, essa versão conta com Claude Rains (conhecido por filmes clássicos de horror como O Homem Invisível de 1933) no papel do fantasma, dessa vez um violinista que sofre um terrível acidente com ácido que desfigura seu rosto.

Apesar de ter reutilizado alguns cenários, o enredo possui pouco em comum com o de 1925, inclusive não contando com a famosa cena do baile. Filmado completamente em technicolor, o que confere uma estética muito bonita, vale a pena conferir também pela espetacular queda do lustre, que foi filmada a partir de elaborados movimentos e configurações de câmera. É outro filme essencial na lista de fãs de clássicos, especialmente os que gostam dos monstros da Universal!

Curiosidade: é o único filme de horror da Universal a ganhar Oscar! Foi indicado à quatro categorias (Melhor Direção de Arte, Fotografia, Trilha Sonora, Mixagem de Som) levando duas estatuetas para casa (Direção de Arte e Fotografia).

O FANTASMA DA ÓPERA (1962)

Achou que a Hammer ia ficar de fora dessa lista? Claro que não! Em 1962, a famosa produtora britânica lançou sua versão da história contando com direção de Terence Fisher (diretor de filmes famosos da Hammer como Drácula de 1958 e A Múmia de 1959) e com Herbert Lom (conhecido principalmente como o comissário Dreyfus nos filmes de A Pantera Cor de Rosa) no papel de fantasma, agora nomeado de professor Petrie, um compositor pobre que teve suas músicas roubadas e na tentativa de destruí-las sofreu um acidente com ácido que desfigurou seu rosto.

Perto dos anteriores, o filme é um pouco mais difícil de encontrar atualmente, mas se você gosta do Fantasma e dos filmes da Hammer, essa é a produção certa para você.

O FANTASMA DO PARAÍSO (1974)

Uma “adaptação” dirigida por Brian De Palma? Temos também! O Fantasma do Paraíso é um filme de 1974 que mistura musical, ópera rock, horror e comédia. Dirigido e escrito por De Palma e com narração introdutória (contudo, sem créditos) de Rod Serling (nada mais, nada menos do que o criador de Além da Imaginação) essa versão é na verdade uma mistura de diversos clássicos literários europeus: O Fantasma da Ópera, O Retrato de Dorian Gray e Fausto.

A história gira em torno de um compositor, Winslow Leach, que escreve sua música para Phoenix, uma cantora pela qual está apaixonado. Contudo, um maligno produtor musical trai sua confiança e rouba sua composição para abrir uma casa de shows nomeada de O Paraíso. Depois de sofrer um acidente que destrói metade de seu rosto e suas cordas vocais, o amargurado compositor busca realizar sua vingança.

Na época de seu lançamento, o filme foi um fracasso de bilheteria, recebendo críticas negativas. Com o passar dos tempos sua reputação foi restaurada e hoje se tornou um filme cult, o qual merece ser visto! Vale a pena conferir pela história bastante singular, pelo visual do Fantasma do Paraíso, pela trilha sonora e também pela participação de Jessica Harper (a Suzy Bannion de Suspiria)!

Curiosidade: apesar das críticas negativas, o filme ganhou elogios pela sua música e recebeu indicações tanto ao Oscar quanto ao Globo de Ouro por Melhor Trilha Sonora!

O FANTASMA DA ÓPERA (1989)

Nessa versão de 1989, O Fantasma da Ópera encontra Freddy Krueger em um enredo que conta com venda da alma ao diabo e viagem no tempo. A produção, que foi um verdadeiro fracasso comercial e de críticas, é uma adaptação atualizada e muito mais violenta e sangrenta da obra de Leroux.

O filme se inicia em Nova York na década de 1980 e conta a história de uma jovem cantora de ópera, Christine Day (Jill Schoelen) que durante uma audição é transportada para Londres no final do século XIX. Lá ela encontra o fantasma, Erik Destler (interpretado pelo eterno Freddy Krueger, Robert Englund), um compositor maligno e sádico que após vender sua alma ao Diabo em troca de fama teve seu rosto desfigurado e desenvolve uma obsessão nada saudável pela cantora.

O filme se destaca dos demais por ser nitidamente mais violento e enfatizar a vilania do Fantasma, que diferentemente de seus antecessores não possui uma história trágica. Realmente a produção não é uma obra de arte nem uma das melhores adaptações do Fantasma, mas se você gosta de Robert Englund vale a pena conferir. Outro ponto interessante é que ao invés de usar uma máscara para esconder seu rosto, nesta versão, o fantasma costura seus disfarces diretamente em seu rosto.

Curiosidade: o contrato de Englund era originalmente de dois filmes, contudo o filme foi tão mal recebido que a sequência nunca aconteceu e diz a lenda que o roteiro foi reescrito e se tornou o filme Dance Macabre de 1992 também protagonizado por Englund.

O FANTASMA DA ÓPERA (MINISSÉRIE – 1990)

Saindo um pouco dos filmes, temos a minissérie estadunidense, dividida em duas partes, produzida e exibida em 1990. Abandonando o tom de horror das produções anteriores, a minissérie é muito mais voltada para o drama, romance e mistério. A história é, na verdade, uma adaptação do roteiro musical de Arthur Kopit, Phantom, (concebido em 1983, mas ofuscado pela versão de Andrew Lloyd Webber em 1986, estreando nos palcos apenas em 1991, um ano após a minissérie), que por sua vez era baseado livremente no romance de Leroux.

O enredo conta a história de Erik, interpretado por Charles Dance, um talentoso músico que vive recluso nos porões da Ópera de Paris desde que nasceu e que mantém seu rosto escondido devido à uma deformação de nascença. Ele se encanta por uma cantora recém- chegada à Ópera, Christine Daae, e começa a ensiná-la a cantar, assustando aqueles que tentam sabotar sua carreira.

A minissérie possui um tom mais de romance e drama, uma vez que o roteirista, Arthur Kopit, afirmou acreditar que a premissa de horror da obra de Leroux deixava de fora a possibilidade de explorar um relacionamento mais convincente (e romantizado) entre o fantasma e Christine. Para quem gosta da história é uma belíssima adaptação que merece ser vista. Além dos cenários, filmados na Opera Garnier em Paris, outro ponto positivo é a trilha sonora que é composta apenas de óperas.

Curiosidade: A minissérie foi indicada a seis Emmys em 1990 vencendo duas estatuetas: melhor direção de arte e melhor penteados em minissérie ou especiais de TV. Além do mais, foi indicada a dois Globos de Ouro em 1991: melhor minissérie ou filme feito para a TV e melhor performance masculina em minissérie ou filme feito para a TV (Burt Lancaster).

O FANTASMA DA ÓPERA (2004)

Dirigido por Joel Schumacher (que nos presenteou com Os Garotos Perdidos em 1987 e Batman & Robin em 1997) essa versão é completamente baseada no musical de sucesso da Broadway, o qual é provavelmente a versão mais famosa da história. Criado por Andrew Lloyd Webber em 1986, é atualmente o show com maior duração na história da Broadway, sendo que em 2012 comemorou sua performance de número 10 mil, se tornando a primeira produção a atingir essa marca.

Apesar da fama, a obra de Webber não é a primeira adaptação musical do Fantasma da Ópera. A história de Leroux foi musicalizada pela primeira vez em 1976 por Ken Hill. A quantidade de adaptações durante as décadas de 1970 e 1980 ocorreu principalmente porque os direitos autorais do livro estavam em domínio público no Reino Unido.

A versão cinematográfica chegou às telas em 2004 com Gerard Butler no papel principal, Emmy Rossum como Christine e Patrick Wilson (sim, o Ed Warren!) no papel de Raoul, o par romântico da cantora. O filme, que conta com todas as músicas da obra da Webber, segue a mesma premissa do musical e de praticamente todas as outras versões: uma jovem cantora de ópera é auxiliada por um misterioso tutor, que se autointitula anjo da música, e que lhe fornece aulas de canto. Contudo, o homem, que esconde seu rosto em uma máscara, logo fica obcecado por ela e destrói todos que se colocam em seu caminho.

Tanto na versão de Webber quanto no filme, apenas metade do rosto do fantasma é deformado, o que o leva a usar uma meia-máscara, a qual se tornou praticamente a marca registrada da história. A ideia original era utilizar uma máscara completa, tal qual as versões anteriores, mas isso tornava difícil a atuação do ator no palco, interferindo em suas expressões.

Para quem é fã de musicais, vale a pena conferir essa adaptação cinematográfica que é um bom entretenimento. Além do repertório original do musical, o filme ainda conta com uma música exclusiva, Learn to be lonely, que toca durante os créditos finais.

Curiosidade: é fã de musicais? Então fique de olho no trabalho de Andrew Lloyd Webber, que além do Fantasma também tem no currículo musicais famosos como Cats, Jesus Cristo Superstar e Evita, os quais foram transformados em filmes.

O FANTASMA DA ÓPERA NO ROYAL ALBERT HALL (2011)

Em 2011, comemorando os 25 anos do musical, três apresentações especiais foram filmadas no famoso Royal Albert Hall (uma casa de espetáculos em Londres inaugurada pela Rainha Vitória no século XIX) e editadas juntas para o lançamento em DVD e Blu-Ray.

Com uma produção exuberante, essa é com certeza uma das minhas encenações preferidas do musical. Contudo, fica o lembrete: não é um filme, tal qual a versão de 2004, mas sim uma performance ao vivo que foi gravada para ser posteriormente distribuída. Se você não gosta de musicais, essa versão talvez não seja feita para você.

Além da história, da produção magistrais e das performances maravilhosas de Ramin Karimloo (um dos meus fantasmas favoritos!) e Sierra Boggess, vale a pena conferir pelo grande final que conta com a participação do elenco original de 1986, inclusive o primeiro fantasma, Michael Crawford, e a Christine original, Sarah Brightman, assim como uma performance musical com não apenas um, mas cinco fantasmas!

Curiosidade: em 2010, estreou a tão aguardada sequência do Fantasma da Ópera: Love Never Dies. O musical, também idealizado por Andrew Lloyd Webber, se passa cerca de dez anos depois do primeiro e traz os personagens de volta. Apesar de imensamente aguardada, a produção foi um fracasso e não se sustentou por muito tempo. Se você é um grande fã vale a pena conferir (principalmente pelas músicas Beneath a Moonless Sky e Love Never Dies), contudo esta sequência não chega aos pés do original.

PARA EVITAR: IL FANTASMA DELL’OPERA (1998)

Uma adaptação de O Fantasma da Ópera dirigido por Dario Argento tem tudo para dar certo não? Pois é, pense outra vez. Em 1998, o diretor italiano conhecido por clássicos como Suspiria, Inferno e Prelúdio para Matar trouxe às telas uma versão da obra de Leroux que definitivamente merece ser esquecida pelo público.

Com Julian Sands (conhecido por filmes como Aracnofobia e o Encaixotando Helena) no papel principal e Asia Argento como Christine Daaé o filme tem tanta coisa errada que é difícil até mesmo para a/o mais fiel fã do Fantasma da Ópera. Diferentemente das outras versões, o fantasma aqui não é desfigurado nem sofre de nenhum passado trágico, mas sim um homem que quando bebê foi abandonado e criado por ratos (sim, ratos) no subsolo da Ópera de Paris.

Mais parecendo um soft porn com ambientação gótica, o filme não acerta em nada e em nenhum momento o sentimento de vergonha alheia escapa do espectador. Com atuações ruins, diálogos que beiram o constrangimento, um enredo que envolve telepatia, cenas bizarras com ratos e uma desnecessária cena de estupro (errou feio hein Argento!), você com certeza não quer perder seu tempo com essa adaptação. Depois não diga que eu não avisei!

Curiosidade: se você ainda não acreditou em mim, veja a avaliação do filme em sites como IMDB e Rotten Tomatoes.