O Monstro Canibal
(Cellar Dweller)
Ano de Lançamento: 1988
Direção: John Carl Buechler
“Aquele que tem sabedoria não pensa na besta, pois nada no inferno vive sem o consentimento do homem. Ai daqueles que dão forma à besta. Contemplar o Mal, é o mesmo que convidá-lo”
Mais uma pérola exibida no saudoso programa Cine Trash. Conta a história de uma jovem quadrinista que tenta retomar as publicações “Cellar Dweller” de seu ídolo, um autor que morrera misteriosamente 30 anos antes enquanto trabalhava em uma história sobre um monstro canibal. O filme é do mesmo diretor de Troll (1986).
Há pelo menos três nomes conhecidos. Como Sra Briggs, o filme conta com a atuação de Yvonne de Carlo (1922-2007), muito conhecida por seu papel como Lily Monstro na saudosa e nostálgica série Os Monstros (1964-1966). Já o pintor abstrato Phillip Lemley é interpretado por Brian Robbins, sim, o diretor da infame comédia Norbit (2007), responsável pelo clássico intocável, A Guerra do Hambúrguer (1997). Ainda há uma participação especial de Jeffrey Combs (Re-Animator, 1985), como o cartunista Colin Childress.
No começo do filme, Childress trabalha em sua história em quadrinhos. Na página em que desenha, desenrola-se uma cena de um monstro agarrando uma jovem indefesa. Os acontecimentos, porém, ganham vida em sua própria casa. O cenário é de uma verdadeira carnificina.
30 anos depois dessa tragédia, Whitney Taylor chega no Instituto de Arte Throckmorton. Seu plano é dar continuidade à publicação de Childress. O instituto, aliás, fica na antiga residência do artista. A sra Briggs é quem comanda as coisas por lá e, de imediato, ela antipatiza com nossa protagonista. Na opinião dela, quadrinhos não podem ser classificados como arte.
Em uma daquelas ideias geniais, Whitney decide trabalhar no porão onde aconteceram os crimes:
Ela encontra antigos esboços do seu ídolo, justamente aqueles sobre o monstro canibal. Prontamente, ela começa a trabalhar com eles. Sua rival, Amanda, a vigia com uma câmera no porão. Seu plano é acusar Whitney de plágio e conseguir sua expulsão do instituto.
O plano poderia dar certo, não fosse o aparecimento do monstro:
Inconformado com o desaparecimento de Amanda, um ator que tenta entrar no papel de detetive vai investigar o quarto da jovem. Ele, porém, também é brutalmente assassinado:
A próxima vítima é sua amiga Lisa, logo após sair do chuveiro. Nesse ponto os desenhos se produzem sozinhos. Whitney não possui mais o controle de sua criação. O monstro canibal assassino idealizado por seu ídolo e desenhado por ela extrapolou os limites do papel e agora age por conta própria.
Não querendo entregar reviravoltas importantes, destaco apenas a moral da história: sempre tenha um corretivo em mãos, ele pode salvar sua vida. O aparente final traz um desfecho feliz, o que contrasta muito com a mitologia oferecida pelo filme. Porém, foi apenas uma artimanha de roteiro. O final real do filme é bastante triste e trágico.
O Monstro Canibal (1988) está longe de ser um filme ruim. A história nos prende. Ver o drama da quadrinista que perde o controle de sua criação é muito interessante. O visual do monstro pode não ser dos melhores, mas também fica distante de esquisitices como O Monstro do Armário (1986), Estranhas Metamorfoses (1982) ou A Semente da Maldição (1990).