Crítica | Roohi

Roohi
Data de Lançamento no Brasil: 16/04/2021
Direção: Hardik Mehta
Distribuição: Netflix

Frequentemente a Netflix está renovando seu catálogo de filmes indianos. Há um bom número de exemplares dentro do gênero do horror, alguns são produções originais, não é o caso de Roohi (2021). O filme de Hardik Mehta, diretor ainda com poucas produções no currículo, é uma comédia de horror com história absurda, músicas, jump scares e um final surpreendente.

Bhawra e Kattanni moram em Baagadpur, fictícia cidade no norte da índia. Os amigos trabalham para um mafioso cuja especialidade é o sequestro de noivas. Na região onde moram, há uma antiga tradição em que os noivos sequestram suas futuras esposas para o casamento. Aqui cabe uma observação, essa tradição ainda existe em algumas partes da Ásia. Há um documentário da Vice, de 2011, que mostra que a prática voltou com força após o fim do comunismo.

Um belo dia, Bhawra e Kattanni são contatados para sequestrar a jovem Roohi. Após muitas trapalhadas, eles tem de levar a moça para um armazém abandonado, pois contratempos acabaram adiando o casamento – na tradição o sequestro ocorre minutos antes do casamento, logo, em teoria, ela deveria ter sido conduzida diretamente ao altar.

Quando Bhawra vai levar comida a Roohi, ele percebe algo estranho. A moça parece não estar em lugar nenhum. Ele a procura por todos os lados, até que vê algo se arrastando pelas paredes. Acontece que Roohi já foi noiva uma vez e seu marido dormiu na noite do casamento, algo que, segundo a tradição, chama a bruxa Mudiyapairi, que possui o corpo da noiva.

Ao longo do curto período que ela fica em cativeiro acontece o mais inusitado: Bhawra se apaixona pela moça e Kattanni pela bruxa. Os dois brigam pela moça, um é a favor do exorcismo, enquanto o outro, prefere que a bruxa se aposse de vez da jovem. Eles só esqueceram de se perguntar quais eram os planos de Roohi.

Roohi (2021) é um filme bastante divertido. Ele faz uma mistura de gêneros e torna a história cada vez mais absurda, mas consegue nos surpreender com o final, que quebra com as expectativas românticas do cinema tradicional. Vale a pena assistir. A bruxa em questão tem os pés virados, assim como em Bhubul (2020), uma produção da Netflix do último ano.

 

A partir desse ponto discutimos spoilers – fica aqui o aviso.

Bhawra e Kattanni em nenhum momento se preocupam com Rhoori. Tudo o que querem é atender às suas próprias expectativas românticas – um grande absurdo já que foram eles que a sequestraram. Apaixonado pela moça, Bhawra busca a ajuda de exorcistas e chega a se casar com uma cachorra em um plano mirabolante para enganar a bruxa. Ele recebe a ajuda de uma senhora que, depois ficamos sabendo, também fora anteriormente possuída pela bruxa.

No final, os dois tentam o casamento com Roohi, mas seus planos são frustrados quando a jovem toma o controle da situação. Em uma grande reviravolta, ela se casa com a bruxa, tornando-se uma mulher poderosa. Na sua última aparição, ela ainda sai de moto, sem companhia de nenhum dos dois sequestradores, para viver sua vida sozinha.

A velha senhora que ajudou Bhawra desaparece. Ao que podemos interpretar, ela também havia sido possuída pela bruxa, mas pode não ter sofrido um exorcismo como somos levados a acreditar. A lenda diz que a noiva possuída deve se casar dentro do período de um ano, ou isso significaria a morte. Mas e se essa morte for, na realidade, a fusão da mulher com a bruxa?