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O Horror de Mike Flanagan

“Não há nada mais assustador do que o silêncio. Os melhores sustos vêm do desejo de ver o personagem superar o que está enfrentando na cena. Se você se preocupa com o personagem, você se preocupará com o susto.”                                                                                                     – Mike Flanagan

Por mais difícil que seja acreditar, há quem ame filmes de horror mas ainda não conheça muitas das obras do escritor, diretor e editor Mike Flanagan. Responsável por ótimos filmes de suspense e terror durante a última década, o cineasta procura trazer em suas produções, temáticas como a influência da solidão em nossa perspectiva de vida, a importância do apoio emocional familiar, além da busca pela sobrevivência diante de situações desesperadoras.

Flanagan, embora não se configure como um dos expoentes do famigerado “pós-horror”, consegue propor roteiros bem estruturados que, mesmo extremamente comerciais, valorizam a sutileza dos elementos de horror e os correlacionam com uma abordagem dramática valiosa para seus enredos, aproximando e categorizando o diretor como uma espécie de discípulo de James Wan, principalmente por saber não apoiar suas narrativas única e exclusivamente em jump scares e/ou exagerados efeitos especiais.

A intenção deste artigo é justamente refletir sobre os temas propostos pelo cineasta em suas obras, além de introduzir um pouco de sua vida pessoal e apontar algumas interessantes curiosidades sobre o elenco e a equipe por trás de seus filmes.

O diretor, nascido em Salem (Massachusetts) no ano de 1978, o que evidentemente aflorou desde cedo sua paixão por horror devido às histórias de julgamentos das bruxas de Salem, começou sua carreira escrevendo, dirigindo, editando e algumas dessas vezes até produzindo, 4 filmes independentes/universitários durante o início dos anos 2000, década a qual também participou como montador de alguns documentários e reality shows. Porém o reconhecimento só chegaria mesmo a partir da segunda década do milênio.

O primeiro longa que deu visibilidade considerável para Flanagan foi Absentia (2011), um horror psicológico que se apoia em uma narrativa sobre uma suposta viúva (Courtney Bell) e sua irmã caçula (Katie Parker), que começam a linkar um misterioso túnel próximo à sua casa, à uma série de desaparecimentos da cidade, incluindo o de seu marido (Morgan Peter Brown).

Em Absentia, podemos notar, ainda que de forma amadora, principalmente devido ao baixíssimo orçamento da obra (70 mil dólares), a intenção do diretor em utilizar o terror de elementos sobrenaturais e do desconhecido hora de forma assustadora, hora de forma dramática, cativando o público por meio de metáforas que representam depressão e estados letárgicos, enquanto nos deixa em dúvida, junto com os personagens, sobre o que é realidade e o que é ilusão.

Apesar de nem todos saberem, a atriz Courtney Bell, que também estaria nos outros dois filmes seguintes do diretor, foi a primeira esposa de Flanagan, que inclusive durante as filmagens de Absentia carrega o primeiro filho do diretor em seu ventre. O ator James Flanagan, irmão de Mike, faz aqui também sua primeira aparição como ator no cinema.

Logo após a boa repercussão de Absentia em diversos festivais, Mike Flanagan lança um dos longas mais importantes de sua carreira, e seu primeiro filme com distribuição no Brasil. Estou falando de Oculus (2013), traduzido em terras tupiniquins como “O Espelho”, projeto inspirado em um curta-metragem lançado pelo diretor em 2006.

No filme, acompanhamos dois irmãos, Kaylie (Karen Gillan, de Doctor Who) e Tim (Brenton Thwaites), que traumatizados pela inexplicável morte de seus pais, tentam provar que o que teria causado a tragédia seria um enorme e enigmático espelho que está na família há séculos. Conforme os eventos sobrenaturais acontecem, ambos passam a duvidar de sua sanidade mental enquanto enfrentam seus piores medos.

Em “O Espelho”, temos um impressionante controle de ritmo, elaborado entre o terror e o suspense. Enquanto expande a relação entre sonho e realidade (já cedo tão querida por Flanagan) para níveis surpreendentes, a obra esboça através de flashbacks, um pouco das consequências das conturbações e traumas familiares, algo que seria posteriormente aprofundado nas obras do cineasta. Sem medo de sufocar o espectador com cenas tensas, o diretor prova aqui o quão importante é para o horror, encontrar um equilíbrio entre o que nos é mostrado visualmente, e o que está implícito na nossa capacidade de imaginar e interpretar os fatos.

A obra também foi responsável por revelar a duradoura parceria do diretor com diversos profissionais com quem trabalha até hoje em seus filmes. Uma delas é a atriz Kate Siegel, por exemplo, que viria a ser a sua segunda (e atual) esposa a partir de 2016. A parceria com os compositores The Newton Brothers também foi uma das mais importantes que surgiram em Oculus, uma vez que seriam os responsáveis por todas as trilhas musicais (impecáveis por sinal) de todos os futuros projetos do realizador, sem exceção. Outros dois grandes colaborades de Flanagan que iniciaram sua trajetória com o diretor durante “O Espelho” foram o produtor Trevor Macy, que assim como a dupla de compositores assinaria seu cargo em todos os filmes e séries seguintes do cineasta, e o excelente diretor de fotografia Michael Fimognari, que seria um frequente contribuinte nas obras consecutivas.

Ainda no mesmo ano, Flanagan produziria o filme Before I Wake (2016), conhecido no Brasil como O Sono da Morte, mas que por conta de inúmeras complicações de distribuição, veio a ser lançado apenas três anos depois, tendo seus direitos adquiridos pela Netflix posteriormente. A sinopse gira em torno de um casal, que pouco tempo depois de perder seu filho ainda pequeno, aceita adotar Cody (Jacob Tremblay), um garoto que possui a mesma idade que o primeiro filho do casal. Tudo parece caminhar bem, ainda mais quando descobrem algo fantástico sobre o garoto: a capacidade de tornar seus próprios sonhos em realidade. Porém, quando os assustadores pesadelos começam a acontecer, o casal descobre que o risco de vida que correm pode ser bem maior do que parece.

Aqui, os bons toques de mistério mantém a incerteza e ansiedade do público pulsando. Enquanto isso torna o filme tão sugestivo quanto a maioria das obras de Flanagan, o terror se desenvolve em diversos momentos de maneira convincente, ainda que alguma de suas cenas se alongue mais que o necessário e não cative tanto quanto poderia.

Mesmo sendo considerada uma das obras mais fracas do diretor, é uma ótima oportunidade para vermos Jacob Tremblay, um dos atores mirins mais promissores de sua geração, em mais um ótimo papel, e dessa vez, num filme de terror. Mesmo sem tentar esclarecer todas as questões apresentadas, a produção se mostra confiante ao partir para o drama nas horas corretas, compensando as sequências mais medonhas com uma trama secundária comovente. Na obra não faltam alegorias ao “horror” existente no câncer, e o estado de se sentir ou estar de fato ausente e se desintegrando.

Ainda no mesmo ano de lançamento de “O Sono da Morte“, Flanagan lança outros dois filmes. O primeiro deles, lançado ainda no primeiro semestre e classificado facilmente como um dos melhores de sua carreira, seria o suspense “Hush: A Morte Ouve” (2016), que além de iniciar de fato uma perdurável parceria entre o diretor e a Netflix, distribuidora da produção, coloca pela primeira vez sua esposa, Kate Siegel, como protagonista e co-roteirista do que viria a ser um dos suspenses mais envolventes dos últimos anos.

De cara somos apresentados à personagem principal, uma escritora chamada Maddie que vive sozinha em uma bela casa afastada desde que perdeu sua audição durante a adolescência. O pesadelo se inicia após um assassino mascarado aparecer na frente de sua casa e iniciar um torturante jogo de gato e rato, enquanto Maddie enfrenta uma jornada em busca de sobrevivência diante de suas limitações físicas e psicológicas.

Além de revolucionar um subgênero já tão escasso de novas ideias como o de invasão domiciliar ao inserir uma personagem principal que não pode ouvir e precisa se virar de formas não convencionais para fugir de um assassino, “Hush: A Morte Ouve” impressiona em incontáveis cenas por seu admirável design de som, uma direção refinada que em nenhum momento nos confunde com seus enquadramentos apesar do ritmo dinâmico, e principalmente pela interpretação primorosa de Siegel (aqui lançada oficialmente para o mundo como uma promissora atriz), que sem o uso da fala, é forçada a transmitir todas suas emoções através de seus olhares, expressões faciais e corporais, além do controle de sua respiração.

O filme, que aproximou ainda mais o nome de Flanagan do conhecimento dos fãs de suspense e amantes do horror, serviu como mais um exemplo para produtores e cineastas, de que sempre é possível trazer algo original, diferenciado e de ótima qualidade dentro de um cenário saturado de produções semelhantes.

O último lançamento de Flanagan no mesmo ano (claramente seu ano mais expressivo da década) foi também possivelmente o terror mais comercial de sua filmografia. Com grande distribuição da Universal Pictures, a obra “Ouija: A Origem do Mal” (2016), que se apresentou como uma prequel do péssimo “Ouija: O Jogo dos Espíritos” (2014), possuiu, além do parceiro de Flanagan, Trevor Macy na produção executiva, os gigantes Michael Bay e Jason Blum assinando também a produção do filme.



Em “Ouija: A Origem do Mal” (2016), a atriz Elizabeth Reaser interpreta Alice, uma espécie de falsa medium que aplica golpes em seus clientes ao fingir se comunicar com espíritos. Sua filha Doris (Lulu Wilson) é uma solitária menina que não possui muitos amigos na escola. Quando Doris resolve tentar se comunicar com seu já falecido pai por meio de um tabuleiro Ouija, acaba por liberar perigosas entidades que se apoderam de seu corpo para causar mal a todos que estiverem ao seu redor.

Por mais controverso e misto que o filme seja aos olhos dos críticos, é inegável que o resultado atingido aqui é muito superior ao feito do antecessor em 2014. Há cenas marcantes e bem aterrorizantes, capazes de fazer o espectador cobrir os olhos e os ouvidos. A história, que obviamente não busca se destacar por qualquer possível originalidade, cumpre bem seu papel ao envolver o público diante de um entretenimento de horror funcional, muito bem ambientado pela fotografia escura e pela cuidadosa direção de arte.

Flanagan demonstra uma direção segura mesmo frente a um roteiro previsível, escrito pelo próprio diretor junto ao seu constante colaborador e co-roteirista Jeff Howard. As atrizes principais se saem muito bem frente aos personagens que possuem em mãos, tanto que convencem o diretor e futuramente (dentro de dois anos) seriam chamadas pelo mesmo para participar de seu primeiro e significativo projeto para a televisão (A Maldição da Residência Hill).

Durante o ano seguinte, o diretor além de assinar a produção executiva do filme “Dobaara: See Your Evil” (2017), um fraco remake indiano de seu filme “Oculus“, Mike Flanagan lançaria outro ótimo e criativo suspense. Foi a vez de “Jogo Perigoso” (2017) chocar os assinantes da Netflix ao redor do mundo.

O segundo filme do diretor lançado originalmente pela plataforma, nos coloca na pele de Jessie (Carla Gugino), uma mulher de meia-idade que, junto com seu marido Gerald (Bruce Greenwood), decide ir à uma casa de campo para reatar o relacionamento. É durante um jogo sexual que Gerald coloca algemas em sua esposa, e logo depois tem uma parada cardíaca e morre. A partir daí, Jessie se vê sozinha e presa, e enquanto busca por formas de escapar, relembra de seus traumas de infância.







O diretor dessa vez trabalha em cima de uma narrativa que explora o melhor que o suspense dramático e o terror psicológico podem oferecer. Mostrando novamente que sabe como ninguém dirigir atrizes diante de cenas tensas, Flanagan aposta em praticamente uma locação para contar uma história pra lá de angustiante, enquanto entrelaça seu enredo por meio dos flashbacks e sonhos da personagem principal.

Sabendo utilizar de ótimos diálogos reflexivos que denotam o pessimismo e os receios da personagem diante de uma situação de desespero, o roteiro ainda controla sua expositividade da forma mais satisfatória possível.

 A trilha musical da dupla The Newton Brothers trabalha brilhantemente entre o sinistro e a melancolia, nos trazendo cada vez mais para dentro do filme, permitindo que a montagem (realizada pelo próprio diretor e roteirista) costura muito bem os sonhos, lembranças, ilusões e devaneios de Jessie com a realidade.

Em 2018, foi a vez do diretor se arriscar como criador, showrunner, roteirista, diretor, editor e produtor executivo de sua primeira série de horror, produzida originalmente para a Netflix. “A Maldição da Residência Hill” (2018) deslumbrou não apenas os fãs do diretor e os amantes de horror, como também foi responsável por sensibilizar diversos expectadores que não estavam acostumados com obras do gênero, devido ao perfeito equilíbrio com uma intensa carga dramática presente na relação entre os personagens ao longo dos episódios.



Fã de flashbacks como é, Flanagan não poderia explorar 10 episódios de 50 minutos cada (aproximadamente) apenas em um tempo (presente). A história da família Crain se passa em duas épocas diferentes. A primeira é durante o tempo que residiram na antiga casa dos Hill, presenciando aparições inexplicáveis, e a segunda é quando os cinco filhos da família, agora adultos, tentam lidar com seus traumas pessoais e obstáculos de suas vidas, enquanto voltam a ser assombrados pelas mesmas forças do além que os aterrorizavam quando crianças.

O cineasta, que dirige todos os episódios, mas só roteiriza 4 deles, apresenta muito bem cada um dos personagens da família, onde conhecemos a fundo as qualidades, defeitos, medos e objetivos de cada um deles. O tom reflexivo e emotivo dos episódios dão vida à uma história que transita muito bem entre o horror e o drama, com cenas realmente aterrorizantes que nos tiram o fôlego, além de tragédias familiares de cortar o coração.

Mantendo um suspense singular, a série caiu no gosto tanto dos que buscam um entretenimento fácil e comercial, quanto dos que gostam de se aventurar em um enredo repleto de subtramas profundas e bem elaboradas, que se entrelaçam de forma inteligente. Tecnicamente soberba e visualmente esplendorosa, do figurino à fotografia, “A Maldição da Residência Hill“, com seu caráter intimista e suas viradas imprevisíveis, se tornou em pouco tempo uma das melhores séries de horror de todos os tempos, além de uma das mais audaciosas obras originais da Netflix.

Vale lembrar, que é nessa série que Mike Flanagan reúne diversos dos ótimos atores com quem já trabalhou e tem confiança, seja para os papéis principais, como para os secundários e até terciários. Entre eles (muitos já citados neste artigo), sua esposa Kate Siegel, Carla Gugino, Henry Thomas (que está em todos os projetos do diretor desde Ouija: A Origem do Mal), Elizabeth Reaser, Lulu Wilson, Samantha Sloyan (de Hush: A Morte Ouve), Annabeth Gish (de O Sono da Morte), James Lafferty (de O Espelho) e Catherine Parker (de seu primeiro longa, Absentia), entre muitos outros. O mais valioso é saber que todos esses intérpretes se saem bem contracenando juntos diante de cenas amedrontadoras e longas discussões familiares.

Para encerrar a década que o tornou um grande nome do cinema norte-americano de suspense e horror, o cineasta se arrisca no que até hoje pode ser considerado seu projeto mais ousado. O filme “Doutor Sono” (2019), foi sem dúvidas seu projeto mais divulgado e esperado, principalmente por se tratar da continuação direta de “O Iluminado” (1980), dirigido por Stanley Kubrick e imortalizado como uma das maiores obras audiovisuais de horror psicológico.

Distribuido no Brasil pela Warner Bros. em grande estilo, a obra coloca como centro da narrativa o conhecido personagem Danny Torrance (Ewan McGregor), que após sua infância traumatizante devido à instabilidade de seu pai, se tornou um homem desiludido que afoga suas mágoas no alcool, mesmo ainda possuindo seus “dons”. Sua vida, que parece estar melhorando após Danny conseguir um emprego num hospital local, tem sua vida mais complicada to que nunca quando uma garota chamada Abra (Kyliegh Curran) se comunica com ele telepaticamente e pede sua ajuda para encontrar um grupo de assassinos com poderes sobrenaturais.

Por meio de uma história interessante e boas referências que honram o clássico de Kubrick, Doutor Sono propõe questionamentos sobre o poder negativo de nossas inseguranças e a importância de acreditarmos em nós mesmos. Flanagan não deixa a desejar na hora de conciliar as cenas mais tensas e apavorantes com o drama psicológico dos personagens, afinal esta é sua especialidade desde que iniciou sua carreira.

Ainda que o filme não acerte em todos os momentos e fiquemos com a sensação de que na verdade as histórias entre a obra de Kubrick e a de Flanagan pouco se relacionam, admitimos a tarefa árdua que o diretor tinha pela frente e reconhecemos seus esforços e a qualidade da obra no geral, se saindo como uma produção facilmente acima da média, visto toda a dificuldade enfrentada pelo elenco e equipe em chegar aos pés de um clássico imortal.

Se “Doutor Sono” veio para encerrar uma década de ótimos projetos do diretor, a série “A Maldição da Mansão Bly” (2020), anunciada como uma espécie de temporada antológica da primeira série do realizador, chegou para iniciar uma década promissora para Flanagan e seus colaboradores. Com alguns dos atores de “A Maldição da Residência Hill” (2018) retornando em papéis bem diferentes do que outrora interpretaram, principalmente a protagonista Victoria Pedretti, finalmente com tempo de tela suficiente para brilhar, a série vem conquistando seu espaço entre o público.



Dessa vez, uma nova maldição assola uma nova mansão. Dani (Victoria Pedretti) aceita um emprego de babá em uma mansão e logo se dá bem com os residentes e com os orfãos Flora (Amelie Bea Smith) e Miles (Benjamin Evan Ainsworth). Porém, aos poucos ela irá perceber que a casa parece conter segredos sobrenaturais assustadores, principalmente durante à noite.

Como sempre, o roteirista e diretor (que aqui novamente assina a edição e a produção da obra) nos conta uma (senão várias) comovente(s) história(s) com personagens bem desenvolvidos e com um roteiro cauteloso, que conhece muito bem seu público alvo e a capacidade que o mesmo possui em juntar as informações e tirar suas próprias conclusões. Embora bem menos assustadora que sua antecessora, a série alcança a façanha de nos cativar fortemente durante os episódios, nos fazendo questionar frequentemente o que de fato está acontecendo com a casa e com os personagens que ali residem.

Com pistas muito bem plantadas ao longo dos episódios, nos vemos rapidamente dentro da trama proposta pelo criador, que desta vez escreve e dirige apenas o primeiro episódio. Aqui o romance e o drama entre os personagens passa a ser o grande foco da obra, que utiliza o horror como pano de fundo para retratar realidades tão diferentes e tão dolorosas, que não deixam em nenhum momento de ser reais e incontestavelmente identificáveis.

É inegável que por mais de 10 anos, Mike Flanagan vem aterrorizando e emocionando muitos expectadores, formando legiões de fãs e se consagrando como um mestre do gênero por ter proposto uma abordagem efetivamente reflexiva e dramática dentro do horror, além de saber como poucos os segredos para conduzir bem um suspense psicológico. O diretor, que nasceu no ano de lançamento de um dos maiores clássicos da história do cinema de terror, “Halloween – A Noite do Horror” (1978), de John Carpenter, hoje se aproveita de seu reconhecimento para desenvolver histórias cada vez mais sofisticadas, produzidas com um primor técnico de dar inveja.

Resta a nós, meros fãs mortais, cumprir com nosso papel de difundir o legado deixado por suas obras, e torcer para que seus futuros filmes, séries e projetos audiovisuais em geral, sejam tão bons quanto ou até melhores que os que tivemos o prazer de conferir até aqui.