Boneco do Mal 2
(Brahms: The Boy II)
Data de Lançamento: 21/02/2020 (EUA)
Direção: William Brent Bell
Distribuição: STX Entertainment
Sequências e remakes são cada vez mais mais comuns entre o público consumidor da ampla cultura audiovisual. Desde o século passado, essa aposta dos grandes estúdios gerou muitos bons frutos, mas também diversas obras desnecessárias e produções a rodo que acabaram por desvalorizar a grandiosidade, a função e a atenção que refilmagens ou franquias mereceriam. O horror, por sua vez, foi, é e provavelmente sempre será o gênero mais afetado dentro desse cenário, não apenas por ser o mais popular, mas também por necessitar de um carinho específico com a construção do suspense e de uma atmosfera realmente aterrorizante, carinho este muitas vezes ignorado e atropelado pela obrigação de produzir em quantidade, e não em qualidade. Boneco do Mal 2, tenta resgatar as mesmas técnicas já saturadas dos filmes de horror comerciais, e se acerta ao apresentar ideias interessantes, escorrega ao tirá-las do papel.
Após terem dificuldades de se recuperarem de um evento traumático envolvendo sua antiga casa, Liza (Katie Holmes, em um papel quase inexpressivo), seu marido Sean (Owain Yeoman) e seu filho Jude (Christopher Convery) se mudam para uma mansão em uma pequena vila na Inglaterra, vendida por um preço surpreendentemente baixo. Jude, que após o trauma encontra dificuldades em voltar a falar, encontra um boneco de porcelana enterrado próximo a mansão, e após levá-lo para casa, passa a ter um “amigo” que parece o ajudar a se recuperar, mas que ao mesmo tempo carrega consigo um espírito maligno determinado a trazer terror para toda a família.
A obra inicia seu trajeto de erros ao inserir repetitivamente alucinações que evidenciam o trauma de Liza, algo que poderia ser facilmente recriado de maneira sutil e inteligente. Quanto à construção gradativa do suspense através de acontecimentos estranhos, o roteiro acerta ao plantar pequenas pistas que confundem Liza e atiça sua imaginação (a fazendo duvidar de seu filho), como TVs ligando sozinha, o boneco mudando de lugar, e sua cabeça se mexendo. Embora essas pistas, junto com o descumprimento das regras anotadas por Jude funcionem bem na maioria das vezes e crie bons conflitos entre a família, a obra também apela pra um terror visual (realizado por efeitos especiais) que vai contra toda a sugestividade até então desenvolvida.
Com sustos pouco criativos e situações já esperadas, um dos maiores pontos positivos da obra é a atuação do sempre magistral Ralph Ineson (de A Bruxa), aqui interpretando Joseph, um misterioso morador da vila que reside próximo a mansão. A fotografia e a concepção de cenários funcionam bem, principalmente diante de uma obra de “baixo orçamento”. O figurino e a maquiagem também agradam ao construir aos poucos uma semelhança visual impressionante entre Jude e o boneco, evidenciando o progressivo domínio da entidade sobre o garoto.
Sem maiores mensagens para transmitir e apenas com a intenção de divertir assustando e trazendo uma história sobrenatural já conhecida pelo público, Boneco do Mal 2 peca na falta de criatividade e ousadia durante seus dois primeiros atos, mas surpreendentemente ainda funciona como um simples e barato entretenimento capaz de trazer alguns momentos aterrorizantes, mas obviamente longe de serem sequer memoráveis de alguma forma.