Crítica | Drácula: A Última Viagem de Demeter

The Last Voyage of The Demeter

Direção: André Øvredal

Ano: 2023

País: EUA

Distribuição: Universal

Nota do crítico:

Inspirando-se em um dos melhores capítulos do romance de Stoker, o filme de Øvredal falha em provocar medo e em engajar o espectador. Com personagens descartáveis, Drácula: A Última Viagem de Demeter (2023) chega aos cinemas logo após boas estreias do gênero, mas não consegue acompanhá-las, apesar de algumas boas cenas.

Filmes de horror “de época” sempre chamam a atenção. Estamos tão acostumados com o horror situado no século XX ou XXI, que ficamos atraídos por títulos que decidem voltar um pouco no tempo e explorar um contexto diferente do nosso. O novo Drácula, de André Øvredal, conhecido por A Autópsia (2016) e Histórias Assustadoras para Contar no Escuro (2019), conta a história da viagem do conde, dos Bálcãs à Inglaterra, um trajeto de 4 semanas que, como consta no livro, resultou em um massacre.

Clemens, o protagonista, é um jovem médico – ou ao menos é o que dá para entender – que está na Romênia e deseja voltar para a Inglaterra. O motivo? Jamais saberemos. Apesar da boa atuação de Corey Hawkins, o roteiro dificulta com que nos identifiquemos com o personagem, ou nos importemos com ele, ao não dar elementos para que entendamos suas ações.

Falando a bem da verdade, essa é uma história cujo final já sabemos. Stoker escreveu em seu livro que todos morreram. Isso porém, não deveria ser um impeditivo para o desenvolvimento de um bom roteiro sobre a história de como aquelas pessoas morreram. O final, nesse caso, por já o conhecermos, é bem menos importante do que o desenvolvimento.

Apesar de algumas decisões que considero corajosas, toda a narrativa está focada em como aquela viagem vai terminar, ao passo em que os personagens – bem descartáveis – vão sendo mortos um por um. O diretor poderia ter focado mais em um estilo slasher do que em uma referência a Alien – O Oitavo Passageiro (1979), principalmente, por sabermos quem é o passageiro misterioso do navio.

Por fim, a imersão fica prejudicada pelo horroroso Drácula de CGI. Nas fotos promocionais ele parecia até interessante, mas no filme ficou muito estranho ver o bonecão de computação gráfica voando. Não entendi o motivo da escolha de um vampiro monstruoso no lugar do conde refinado e cafona. Nesse sentido, o segundo capítulo de Drácula (2020) foi mais eficaz.

Drácula: A Última Viagem de Demeter (2023) não consegue fazer jus ao capítulo escrito por Stoker. O principal culpado é, sem dúvidas, o roteiro. Não teria problema em estender um pouco a duração em prol de cenas que situassem melhor os personagens, para que nós pudéssemos nos importar mais com eles, sobretudo o protagonista e a misteriosa Anna, cujo final parece ter sido copiado de Missa da Meia-Noite (2021).