A Entidade
(Sinister)
Data de Lançamento: 12/10/2012
Direção: Scott Derrickson
Distribuição: Lionsgate
Que famílias tradicionais americanas possuem atração por casas mal-assombradas e/ou com históricos de assassinatos macabros, todos sabemos. Mas essas famílias normalmente caem na cilada por acidente. O que não é o caso de A Entidade.
No longa de 2012 acompanhamos Ellison (Ethan Hawke), um escritor de true crime – crimes reais – que após alcançar o estrelato com o lançamento de um best seller, acabou caindo no ostracismo. Tentando conseguir um novo livro de sucesso, Ellison e sua família se mudam para uma casa marcada pelo suicídio coletivo da família anterior.
Logo após a mudança, Ellison encontra uma caixa no sótão da casa repleta de filmes super 8 e um projetor. O que começa com gravações sobre a rotina de pais e filhos acaba sempre com uma chacina brutal. Decidido a investigar a veracidade desses filmes, o escritor descobre que, assim como o caso que ele investiga na casa em que ele mora, todas as famílias foram mortas, com exceção de uma criança em todos eles.
Apesar de achar que Scott Derrickson conduz muito bem a maior parte das sequências de suspense junto ao elenco, a perda de fôlego de A Entidade em seu segundo ato, combinada com sequências repetitivas e uma investigação um tanto forçada diminuem bastante o nível de imersão na trama. É muito fácil se distrair quando uma cena se estica mais do que deveria.
Ainda assim, é inegável o fato de que toda a ambientação do filme ajuda muito a nos imergir naquele local junto com todos os personagens. Durante toda a construção dos acontecimentos, enquanto o normal vai perdendo espaço para o sobrenatural, vamos de mãos dadas junto com Ellison. Embarcando cada vez mais nesse conto de horror macabro que vai se construindo.
O responsável por todas as assombrações é Baghuul, uma entidade milenar da Babilônia conhecida como ‘o devorador de crianças’. Assim como a Samara [de O Chamado], Baghuul se liberta através das imagens, entrando em ação assim que seus curtas-metragens são assistidos. A caracterização do demônio é bizarra mas, ao mesmo tempo, parte de uma imagem comum, que em conjunto com o pouco tempo que aparece em tela, torna sua presença bastante eficaz na hora de assombrar.
Todo o designer de produção dos filmes em 8mm também é maravilhoso e aterrorizante – contando até com a versão estendida. À medida que somos apresentados aos filmes, a tensão só aumenta devido ao prenúncio do que irá acontecer com a família do próprio Ellison. Prenúncio este que brinca com nossas expectativas.
É comum imaginar que o filho mais velho, Trevor (Michael Hall D’Addario) seria a marionete da entidade devido aos episódios de sonambulismo e terror noturno que o garoto apresenta durante o filme, mas não é exatamente isso que acontece.
Gosto também de como os animais são utilizados para simbolizar o perigo. Tanto a cobra quanto o escorpião que precedem Baghull são comumente utilizados como presságios de má energia ou de algo maligno e cada vez que um desses animais aparece, deixa a situação ainda mais tensa. Aliás, o RdMCast 284 sobre Animais no Horror explica mais sobre isso.
Mas, particularmente, eu tenho um problema com toda a dinâmica de assombração da entidade. Toda a parada de que a família precisa se mudar de casa para que o ritual seja finalizado parece algo criado apenas com o intuito de dar um falso final feliz para chocar o telespectador em seguida. Mas é difícil negar o empenho de Baghuul em ajudar os corretores imobiliários locais.
Apesar de não concordar com o “estudo” que apontou A Entidade como o filme de terror mais assustador de todos os tempos, ele é sem dúvidas um filme muito competente e que exibe uma mitologia que poderia ter sido muito melhor aproveitada do que foi na sua sequência lançada em 2015.