A Maldição de Isabelle
(Isabelle)
Data de Lançamento: 24/05/2019 (EUA)
Direção: Robert Heydon
Distribuição: Vertical Entertainment
Já diziam os mestres do horror: para tornar uma história aterrorizante, evite mostrar demais. Ainda que existam exceções e subgêneros do terror que pedem uma abordagem mais gráfica, esse conselho demonstra ser uma ferramenta mais que funcional quando o assunto é causar medo no espectador. O poder da dúvida e da valorização da imaginação do público são extremamente benéficos para um filme de horror e suspense. Entretanto, o não cumprimento dessa recomendação por parte da maioria dos filmes comerciais do gênero é uma das principais razões que os tornam tão repetitivos, esquecíveis e por vezes lamentáveis. Infelizmente, é nesse exato contexto que se insere o longa A Maldição de Isabelle (2019), recentemente adicionado no catálogo da HBO Max.
Na história, acompanhamos um casal composto pela grávida Larissa (Amanda Crew) e pelo dedicado Matt (Adam Brody). Ao se mudarem para uma nova residência, o sonho de construir uma família se vê cada vez mais distante após Larissa ter um aborto espontâneo. Enquanto tenta lidar com o luto e a aceitação, ela passa a ter sua vida ameaçada por um misteriosa e sombria presença, que parece ter alguma relação com a filha cadeirante da idosa vizinha.
O produtor Robert Heydon, aqui em seu longa de estréia como diretor, revela que ainda tem muito o que aprender com o gênero. De cara, o maior desconforto notado pelo espectador é o problemático e apressado ritmo no qual a trama se desenrola. Nenhuma cena nos dá o tempo devido para absorvermos as informações dos acontecimentos. Com a necessidade de buscar um dinamismo desenfreado, que inclusive atrapalha o conteúdo terrorístico da obra, a narrativa se atropela de maneira bastante incômoda, prejudicando até a montagem do filme. A edição de Diane Brunjes não conecta as informações de forma visualmente agradável, utilizando cortes sem sentido em momentos nada propícios.
Mesmo com um currículo repleto de experiências com filmes de horror, os atores principais pouco conseguem fazer para contornar a previsibilidade do roteiro e o caráter apático de seus personagens. Amanda Crew, que esteve em conhecidos longas de terror como Premonição 3 (2006) e Evocando Espíritos (2009), se vê refém dos exageros de uma personagem preguiçosamente desenvolvida, elaborada com base em histeria e passividade. Já Adam Brody, presente em Garota Infernal (2009) e Casamento Sangrento (2019), também se mostra incapaz de fugir do lugar comum, interpretando um personagem cético e negacionista que já estamos cansados de ver.
Os péssimos efeitos especiais ainda nos frustram pela frequência com que se inserem, e o que é pior, sem qualquer necessidade ou justificativa. Os sustos baratos também se fazem presentes e, por fim, sintetizam exatamente do que se trata o filme em questão: da procura por pequenos e irrelevantes momentos de êxtase, sem qualquer intenção de nos fisgar com uma trama que se constrói aos poucos. A Maldição de Isabelle em nenhum momento nos convida a conhecer mais sobre o casal, sobre a situação na qual estão inseridos ou sobre os possíveis traumas de Larissa, que, por sinal, são completamente descartados, ainda que em uma ou duas cenas se façam presentes de maneira insignificante.
Falta arroz, feijão e bom senso em A Maldição de Isabelle. Abusando da boa vontade de seu público, o longa de 80 minutos, mesmo acelerando os acontecimentos do roteiro, parece durar bem mais, devido a repetição de seus elementos visuais e temáticos, que nos cansam já na primeira metade da obra. Nem mesmo a desanimada trilha musical de Mark Korven, responsável pela excelente trilha de A Bruxa (2016), consegue nos cativar. Mostrando-se um desserviço para a comunidade de fãs e realizadores do gênero, a produção acaba sendo mais um exemplo de como o excesso e o exagero raramente são amigos dos diretores de cinema, principalmente quando o assunto é horror.
