Cemitério Maldito (Pet Sematary) – 2019
Data de Estreia: 09/05/2019
Direção: Kevin Kolsch e Dennis Widmyer
Disponível em: Telecine Play
Cemitério Maldito de 1989 é um dos marcos do terror dos anos 80, o que não quer dizer que seja um filme excelente. É um filme que tem grandes virtudes e defeitos igualmente salientes. De qualquer forma, uma refilmagem ou como neste caso, uma readaptação do livro de Stephen King seria benvinda se fosse para trazer algo novo. Não necessariamente melhorar o filme anterior, mas achar um ângulo diferente para contar a clássica história.
Este novo Cemitério Maldito, dirigido por uma dupla de cineastas, Kevin Kolsch e Dennis Widmyer, consegue replicar os melhores aspectos do livro e do filme original, ainda capricha naquela inerente veia de maldade que fez do conto um dos mais lembrados pelos admiradores do horror. A história é contada seguindo os passos do filme anterior, mas com algumas inovações interessantes.
O elenco é muito melhor que seu antecessor, temos Jason Clarke, um ótimo ator, interpretando um médico o Dr. Louis, que se muda de Boston para uma cidadezinha muito pequena no Maine. Assim como na história de King e no filme de 89, ele viaja para sua nova casa com sua esposa Rachel, interpretada por Amy Seimetz e duas crianças, Ellie (Jeté Laurence) uma menina pré-adolescente e um menino bem pequeno chamado Gage (interpretado pelos gêmeos Hugo e Lucas Lavoie).
O que eles não sabem, é que sua nova propriedade se estende muito além de suas expectativas. Atrás da nova casa existe uma floresta e esse cenário sombrio e inexplorado se apresenta como algo assustadoramente estranho para a família. Lá descobrem que por perto, possuem apenas um único vizinho, um senhor já de idade avançada interpretado por John Lithgow, outro ótimo e conhecido ator.
No geral essa nova readaptação do livro é muito mais elegante o que é uma vantagem, por outro lado, tira aquele clima de baixo orçamento que era um dos atrativos do Cemitério Maldito original que ficou impresso e calcificado em nossas lembranças por muitos anos.
Se você não conhece a ideia central do livro, aqui vai apenas um breve comentário, que não deve ser encarado como spoiler.
A nova propriedade do casal inclui um cemitério de animais que tem sido usado por gerações, além de um outro local, mais distante, que tem a habilidade de trazer os mortos de volta à vida. O que separa os personagens deste lugar de atmosfera maligna, é um dique de madeira que parece estar ali desde os tempos imemoriais.
Assim como o material-fonte, a readaptação navega de forma imprudente em um rio de maldade e injeta a ameaça e a incerteza da morte em nossas veias, para logo depois nos desafiar a segurar firme enquanto os personagens são impiedosamente consumidos pela perda, desespero e violência.
O roteiro de Jeff Buhler, se supera em diversos aspectos. O material-fonte mergulha fundo na dor do luto, nas cicatrizes do trauma, e nas impossíveis perguntas em torno de nossa própria mortalidade, e Buhler, Widmyer e Kölsch conseguem abraçar tudo isso em sua readaptação.
Cemitério Maldito é altamente envolvente, mas não espere os manjados jump scares do gênero seguidos de algum tipo de alívio cômico. Trata-se de um pesadelo familiar profundo e sinistro, repleto de camadas, e que sim, também traz alguns sustos, mas também uma significativa quantidade de complexidade que transforma estes sustos em algo muito mais tenebroso e duradouro.
Apesar de não trazer muitas novidades, descartar algumas ideias mais perturbadoras da obra de King e guiar a trama pelos mesmos trilhos do original, é uma investida mais bem trabalhada, feita com mais capricho, com atmosfera mais asfixiante, tensa e perturbadora. Não é uma excepcional nova obra de terror, mas se sai bem em diversos pontos, graças aos cuidados da direção e as boas atuações. Vale a pena acompanhar os letreiros finais para ouvir a nova versão da música dos Ramones, desta vez interpretada pela banda de punk rock Starcrawler.