Crítica | Na Mente do Demônio

Na Mente do Demônio
(Demonic)
Data de Lançamento:15/10/2021 (BR)
Direção: Neill Blomkamp
Distribuição: Amazon Prime Video

         Depois de estrear na direção de longas-metragens com o estourado e multipremiado “Distrito 9(ouça o nosso episódio sobre o filme), Neill Blomkamp não conseguiu dar muita sorte com seus outros filmes. Tanto Elysium (2013) quanto Chappie (2015) foram criticados duramente por crítica especializada e público. Levaram-se pouco mais de cinco anos para que o diretor dirigisse mais um longa, o qual poderia ser o seu retorno triunfal. Na Mente do Demônio estreou, então, com essa grande responsabilidade e, infelizmente, não foi dessa vez.
         O filme conta a história de Carly (Carly Pope) que após mais de 20 anos sem contato com a mãe, Angela (Nathalie Boltt), acaba participando de um experimento tecnológico que acaba libertando um demônio poderoso. Na Mente do Demônio começa muito interessante, mas, quanto mais se desenrola, mais vai tudo dando errado.
        
A tecnologia de captação de imagem para as cenas na simulação é um dos – senão o único – ponto positivo do filme, que mesmo não sendo nada inédito,  já que é algo comum em vídeo games e até na série Undone, da Prime Video, consegue ornar bem com a situação e a difícil relação entre as protagonistas, mas que fica muito deslocada na tentativa de criar uma mitologia que a envolve dentro da perspectiva de exorcismo.
         Neil, em uma entrevista, falou que demorou muito tempo para que ele conseguisse usar a tecnologia de captação volumétrica da forma que ele realmente queria e demandou muito tempo de teste. E dá pra notar que toda a ideia do filme foi arranjada a partir dessa ideia. Um outro adendo é o de que a touca da máquina é muito similar às utilizadas em Black Mirror e no filme Caixa Preta.
        
Nada do que envolve o demônio do filme faz muito sentido. Qual o motivo de ele ainda estar no corpo de Angela? Só o coma está impedindo? Mas ela passou quase duas décadas presa e ele não saiu? E se ele precisa apenas da tecnologia pra isso, por que ele não foi para o Martin (Chris William Martin) antes? Enfim… quanto mais se pensa no assunto, menos coerente ele se torna.
        
O filme tenta colocar o mito do exorcismo na dependência de uma tecnologia extremamente falha e em profissionais (padres) completamente despreparados. Aliás, profissionais esses que nem nos entregaram o que havia sido prometido. Toda uma tensão em volta deles se preparando para uma guerra pesada contra a tal entidade e não vimos nada disso. A única sequência de ação que podia ser interessante acontece totalmente fora de câmera, assim como praticamente todas as mortes.
         A única sequência de suspense que é interessante, mesmo que batida, é uma presente no ponto de virada entre o segundo e o terceiro ato que apesar de utilizar o trunfo do “sonho” consegue ser bem eficiente na tensão provocada. O tal demônio é completamente subaproveitado e deixa aquele pensamento de que o filme nem é um drama sobrenatural e nem um terror com essência dramática.
         Fora isso, Na Mente do Demônio é um filme completamente passável. Daqueles que ficam presos na cabeça de quem assiste mais pela possibilidade do que poderia ter sido do que pelo que realmente foi.