Crítica | Night Stalker: Tortura e Terror

Night Stalker: Tortura e Terror
(Night Stalker: The Hunt for a Serial Killer)
Data de Lançamento: 13/01/2021
Distribuição: Netflix

          Uma das maiores curiosidades científicas é entender, classificar e desvendar a mente humana, catalogar o que é típico e atípico em relação ao comportamento e descobrir a melhor forma de ajudar pessoas com transtornos de personalidade. E, nesse sentido, um dos tópicos mais estudados é a “psicopatia”: como classificar um psicopata; como ele pode evoluir para um assassino em série; existem mais fatores externos ou internos que influenciam nesse resultado? 

          Richard Ramirez, nascido em 28 de fevereiro de 1960, foi o serial killer Night Stalker, que atuou em Los Angeles durante a década de 1980. Apesar de não possuir um padrão de vítima, ele tinha um modo de agir que se tornou característico: durante a madrugada ele invadia casas, normalmente habitadas por casais, onde ele divergia entre assassinar ambos, praticar necrofilia com os corpos ou não, além de roubar as residências. Em alguns dos casos, como o das irmãs idosas Mabel Bell e Florence Lang, ele também desenhava pentagramas nas paredes com o sangue das vítimas.

         Contando com esse furor em crimes reais, estreou na Netflix o documentário “Night Stalker”, focado na investigação de seus crimes e toda a trajetória dos investigadores responsáveis por capturá-lo. O assassino não possuía um padrão de vítimas, como é comum em casos de assassinos em série: ele atacava física e/ou sexualmente suas vítimas que alternavam entre homens, mulheres, crianças e idosos, o que fez com que os investigadores demorassem a associar os crimes entre si.

         O documentário da Netflix foca nas vítimas do assassino e na jornada dos investigadores Gil Carrillo e Frank Salerno – com narração de ambos – durante os meses que sucederam o terror dos ataques do Night Stalker, começando no dia 17/03/1985. Dividida em 4 episódios de cerca de 50 minutos de duração , a temporada nos dá  uma ilustração do que houve em Los Angeles durante aqueles meses onde a paranoia dominava os civis e os policiais.

          Apesar de ser uma obra extremamente dramática, que muitas vezes se assemelha a um episódio de série de TV tradicional, dando a impressão de algo plástico, a minissérie acerta em não focar tanto no assassino, evitando glorificá-lo frente à audiência. Se fala sobre ele, óbvio, mas não é como, por exemplo, o documentário, também da Netflix, “Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy”, onde temos Ted Bundy quase todo o tempo dos episódios em tela.

          Ramirez, depois de preso, acabou confessando mais crimes do que lhe era atribuído. Ele justificou os crimes cometidos com sua religião, se declarando satanista, onde em uma das suas sessões de julgamento declamou um “Ave Satã!” antes de ser retirado da corte. O pentagrama nas mãos se tornou uma marca registrada de Richard, que foi utilizada por alguns de seus fanáticos durante seu julgamento. Apesar de ser sentenciado a morte, Ramirez morreu de causas naturais 24 anos depois de seu julgamento, ainda no corredor da morte. 

          “Night Stalker: Tortura e Terror” é um documentário que triunfa mais pelo seu tema do que por suas qualidades técnicas, mas que ainda assim consegue ser muito interessante para quem se interessa pelo gênero de crimes reais.