Noturno
(Nocturne)
Data de Lançamento: 13/10/2020
Direção: Zu Quirke
Distribuição: Amazon Prime Video/Blumhouse Production
Utilizando do viés mais clássico do terror psicológico, “Noturno” abusa de clichês e acha em suas boas atuações a salvação para um roteiro um tanto previsível. O último dos quatro filmes do projeto “Welcome to the Blumhouse” pode ser classificado como um misto de Suspíria (Dario Argento, 1977) e Cisne Negro (Darren Aronofksy, 2011), com um toque de A Perfeição (Richard Sheppard, 2018).
Juliet (Sydney Sweeney, Euphoria) é uma pianista que vive sempre na sombra de sua irmã gêmea, Vivian (Madison Iseman, Annabelle 3), até que ela entra em contato com o livro de uma talentosa musicista que havia se suicidado na mesma escola de música em que elas estudam. A partir daí, Juliet se vê cada vez mais induzida a realizar seus desejos mais secretos.
A trama é interessante mas, ainda assim, é clichê e acha ser mais inteligente do que é. O filme é previsível desde os seus minutos iniciais, mas continua mantendo o suspense até o final do segundo ato de forma arrastada. As cenas de embate são sem graça e as atrizes tentam ao máximo convencer, mas os diálogos são extremamente fracos.
Sydney Sweeney dá uma profundidade boa a invejosa Juliet, criando uma personagem crível e passível de interpretações, mas que não deixa muito claro sua motivação. Sua personagem é tida como uma “sombra, inferior”, mas isso é claramente algo que um terapeuta resolveria facilmente. No menor contato com o livro possivelmente sobrenatural a garota já se torna uma pianista extremamente capacitada. Sendo sempre colocada como alguém talentosa mas “não o suficiente”, ela acaba transferindo toda sua frustração para sua irmã mais desinibida, o que a transforma em alguém mais e mais retraída.
A trama de traições e trapaças seria mais interessante se estas fossem o foco principal, assim como as possibilidades de rimas visuais perdidas. Já que o objetivo era quase que uma tentativa de aplicar o conceito de antônimos, de id e ego, a produção poderia ter adaptado as cores do filme para esse contexto, mas em vez disso todo a trama se passa em tons pastéis com leves momentos de flashes amarelos. Mas não é possível criticar um filme pelo que ele poderia ser, e sim pelo que ele foi.
No mais, “Noturno” é um projeto morno que, ao tentar emular filmes clássicos, consegue exaltar apenas um resquício de criatividade, mas que como projeto solo não vai conseguir deixar muitos frutos para a posteridade.
