Crítica | O 3° Andar – Terror na Rua Malasaña

O 3° Andar – Terror na Rua Malasãna
(Malasaña 32)
Data de Estreia no Brasil: 12/11/2020
Direção: Albert Pintó
Distribuição: Paris Filmes

Não é novidade que o cinema espanhol já nos presenteou com diversas ótimas obras de horror, entre as mais conhecidas estão o hispano-britânico “O Extermínio 2” (2007), de Juan Carlos Fresnadillo, e as famosas produções do diretor Paco Plaza, responsável pela franquia “REC” (2007-2014) e “Veronica” (2017). Portanto conhecemos bem o potencial de nossos queridos castelhanos em se destacar por cenas frenéticas e apreensivas. Felizmente, nem todos os elementos valiosos desses filmes se perdem no recente O 3° Andar – O Terror na Rua Malasaña, mas também não se pode dizer que o filme alcança as mesmas façanhas das melhores obras espanholas do gênero.



Em 1976, Manolo (Iván Marcos) e Candela (Beatriz Segura) mudam com os três filhos e o avô da sua cidade para um apartamento em Madrid, no bairro de Malasaña, em busca de prosperidade. Mas o que a família Jiménez não esperava, é que na casa que financiaram também existe uma presença sombria que os fará viver um verdadeiro pesadelo.

Assim que conhecemos cada um dos personagem e as dificuldades enfrentadas pela família, nos importamos com aquelas pessoas e torcemos para que de alguma forma, consigam sobreviver. Por mais surpreendente que seja, isso é cada vez mais difícil de vermos nos filmes de horror comerciais. Ainda que os jump scares sejam a grande conclusão da maioria das cenas de medo, há aqui uma boa valorização do silêncio e da tensão nos momentos que antecedem os sustos, além de falsas pistas que facilmente nos deixam apreensivos.

O design de produção resguarda o que de mais antigo, empoeirado e medonho existe no prédio em que vivem os personagens, que por sua vez são envolvidos por uma paleta de cores que se alterna bem entre as cores quentes que refletem o ambiente caloroso de Madrid, e os tons frios que evidenciam os cantos sombrios e aterrorizantes de um apartamento mal-assombrado. A montagem de Andrés Federico González (responsável pela edição de “Velvet Colección“, popular série de romance da Netflix, também exibida na GNT) tem suas qualidades ao intercalar planos e anteceder sustos com criatividade.

A previsibilidade dos eventos é uma das armas da obra, mas não nos cativa por muito tempo. O enredo bebe muito de filmes de horror hollywoodianos, e ainda que sem perder a identidade espanhola da obra (visível desde a cultura dos personagens até as faixas da soundtrack), se torna repetitivo na abordagem utilizada para nos assustar nas transições de cenas (picos sonoros). Pouquíssimas decisões de narrativa chegam a nos impressionar por sua singularidade, porém o fato do diretor Albert Pintó não perder a mão na condução do suspense em cenas sufocantes, ainda nos mantém interessados pelo desenrolar da trama.

Há elementos realmente aterrorizantes em O 3º Andar – O Terror na Rua Malasaña. O roteiro e a direção criam situações bizarras envolvendo cada um dos membros da família, mesmo não trabalhando tão bem a personalidade, traumas e conflitos de cada um deles. O filme nos conquista quase tanto quanto nos desaponta, mas serve como um bom entretenimento de horror de um país que, assim como o nosso, ainda busca formar um público fãs de produções de gênero.