Crítica | O Mensageiro do Último Dia

O Mensageiro do Último Dia
(The Empty Man)
Data de Estreia no Brasil: 14/01/2021
Direção: David Prior
Distribuição: 20th Century Fox

A 20th Century Fox, que raramente nos trouxe boas obras de horror nos últimos anos, consegue encaixar no final de 2020 (estreia oficial nos Estados Unidos), o lançamento do recente O Mensageiro do Último Dia, nos cinemas. Chegando nas telonas do Brasil nesta primeira metade de janeiro de 2021, o filme, que carece de originalidade até em suas cenas mais criativas, tenta oferecer a seu público em certos momentos um thriller confuso, e em outros um filme de terror repetitivo e sem identidade própria.

A massante história do filme gira em torno de James Lasombra (James Badge Dale), um ex-policial que após o desaparecimento de um grupo de adolescentes de uma pequena cidade, começa a investigar o caso por conta própria. Ao saber que alguns moradores parecem acreditar que se trata de uma lenda urbana local sobre um homem/entidade chamado de “mensageiro”, ele logo descobre um grupo secreto de pessoas que tentam evocar algo sobrenatural, o que acaba fazendo James se envolver demais no caso e ficar à beira de perder a própria sanidade.

A falta de nexo existente na relação dos personagens e na própria história, provoca raiva (e não curiosidade) no espectador. O Mensageiro do Último Dia nos fornece muitas informações desnecessárias ao longo de seus quase 140 minutos, e especialmente em seu terceiro ato, na tentativa de criar uma espécie de virada inesperada, apenas embaralha mais ainda as ferramentas de seu enredo. Representados por atuações infelizes, com exceção da esforçada atriz Sasha Frolova, os próprios personagens não nos estimulam em nenhum momento, nos forçando a acompanhar a trama de forma apática, apenas com a esperança de uma guinada que faça a narrativa se tornar interessante em algum momento. O que infelizmente não acontece.

O que mais nos deixa revoltados com a produção, é sua longa duração (quase 2 horas e 20 minutos de tela). Dificilmente vemos distribuidoras assumir obras cansativas e ao mesmo tempo demoradas como esta, ainda mais em um lançamento para os cinemas. Aqui a normalidade do puro entretenimento direto e repetitivo consegue frustrar ainda mais o espectador. A tensão de determinadas cenas consegue nos cativar por alguns instantes, mas a exagerada expositividade tanto do texto quanto visual, não a faz durar. Quem também exagera é a música e a montagem da obra, que abusam dos picos sonoros e de sons eletrônicos sem justificativa, enquanto nos estranhamos com os efeitos visuais que mais desgastam nossa paciência do que gera incômodo.

Sem a menor capacidade de se destacar por uma possível originalidade, a obra parece tentar abocanhar um pequeno pedaço de diversos outros filmes do gênero já conhecidos. As inspirações temáticas e visuais de obras como “A Sétima Alma” (2010) são notáveis e até descaradas, isso sem falar da tentativa horrenda de causar, em uma de suas últimas sequências, o mesmo sentimento proposto pela cena inicial de “Anticristo” (2009). Tentando ser maior do que poderia, O Mensageiro do Último Dia se enquadra como uma decepção em todos os gêneros que tenta se inserir, incluindo nos falhos alívios cômicos expostos pelo roteiro. Por sua falta de cuidado em desenvolver sua história, a obra afasta o espectador em todas oportunidades que possui, seja por não ter sequer inteções de trazer algo novo, ou por sua excessiva duração que só dificulta o desagradável ritmo do filme.