Crítica | Slasher: Flesh and Blood

Slasher: Flesh and Blood (4ª Temporada)
Data de Lançamento: 12/08/2021 (EUA)
Criação: Aaron Martin
Distribuição: Shudder

         Depois de estrear pela – falida – Chiller e ser resgatada pela Netflix para mais duas temporadas, a série antológica de terror Slasher ganhou mais uma temporada pelo streaming americano Shudder, agora intitulada Slasher: Flesh and Blood.
        
A nova temporada, de oito episódios, segue a família Galloway, um grupo completamente disfuncional, que se reúne a mando do seu patriarca. O que parecia ser um fim de semana normal acaba se transformando em uma sequência de jogos mortais onde apenas um vai poder sair com vida.
        
Contando com ninguém mais, ninguém menos que o diretor David Cronenberg no elenco, a série abusa dos clichês e cria uma leva das situações mais impossíveis do que de costume com personagens que em sua grande maioria são intragáveis – de um jeito bom.
        
Slasher, na verdade, nunca conseguiu criar personagens muito inteligentes ou com um senso moral mais tangível. Todos eles possuem passados obscuros e/ou tem atitudes deploráveis, porém nessa temporada a crítica foi muito mais pesada. Ao focar em uma família rica e sem escrúpulos, os roteiristas, encabeçados pelo showrunner Ian Carpenter, criaram personagens detestáveis ao extremo. Fica difícil torcer por outra pessoa que não o assassino mascarado da temporada.
        
Ao assumir um battle royale completamente trash na temporada, Slasher perdeu uma oportunidade de realmente inovar nas mortes dessa vez, já que muitas delas são “comuns” para o estilo da série que sempre conseguiu apresentar assassinatos muito inspirados, em especial em suas duas primeiras temporadas. As competições em si eram cruéis mas não empolgavam verdadeiramente, e mesmo que algumas mortes tenham sido realmente muito boas – com o perdão da palavra – elas eram precedidas de sequências não muito interessantes ou muito previsíveis.
        
Talvez o melhor da temporada tenha sido o dramalhão envolvendo os personagens, que acabavam castigando uns aos outros. Quase todos os personagens apresentavam subtramas que se entrelaçavam, reveladas pelos flashbacks que embalavam os episódios, o que fazia com que muitos conflitos internos fossem travados das maneiras mais esdrúxulas possíveis. Em especial uma sequência de briga na cozinha que foi engraçada e completamente surtada ao mesmo tempo.
        
A crítica ao estilo de vida capitalista e mercenário é o que move a temporada, apresentando pessoas que perdem o caráter – ou as que nunca o tiveram – para conseguir subir na vida. A figura do intragável e onisciente Spencer (David Cronenberg), que representa esse mal corruptivo, às vezes consegue ser mais assustadora que o próprio assassino que persegue de um a um na mansão.
        
Falando da parte técnica, a série continua com a sua câmera nervosa que treme mais que os personagens em questão, uma trilha sonora competente e um designer de produção muito legal para as armadilhas. Os efeitos de gore são muito bons em todas as situações, seja quando um dedo é arrancado com os dentes ou quando alguém é serrado no meio. O designer do assassino também é muito competente, mesmo que simples, e impõe muito “respeito”.
         Slasher: Flesh and Blood apresenta uma história regular mas com momentos ótimos e que fazem jus ao subgênero do horror que homenageia em seu nome. É possível que esse seja o último capítulo da série (que está gastando todas as suas vidas para se manter viva), mas que se for, foi finalizada em seu auge.