Jovens Bruxas
(The Craft)
Data de Lançamento: 18/10/1996
Direção: Andrew Fleming
Distribuição: Columbia Pictures
Inaugurando o novo selo do nosso site, estamos trazendo um filme que se tornou um clássico do terror jovem adulto e até hoje é lembrado como muito carinho: “Jovens Bruxas”, de 1996. O filme, que ganhou uma continuação neste ano, “Jovens Bruxas: O Legado” – que possui texto no nosso site – conta com um elenco poderoso e uma história de empoderamento feminino e auto descobrimento.
No longa acompanhamos Sarah (Robin Tunney, The Mentalist), que ao se mudar com o pai e a madrasta para uma nova cidade acaba encontrando em três garotas, aparentemente muito estranhas, uma aliança para descobrir poderes até então enterrados. Assim, Sarah se junta a Nancy (Fairuza Balk), Rochelle (Rachel True) e Bonnie (Neve Campbell) para juntas começarem a descobrir seus poderes.
Nos desdobramentos do filme, algo que tenho problema é, como já citei no texto sobre “O Legado”, a questão da ligação repentina entre as personagens e a reviravolta na amizade entre elas principalmente, mas é algo que não faz o filme perder a qualidade da trama que constrói. E, parando um pouco para pensar nas questões do filme, talvez a revolta das garotas por Sarah ao final seja devido à suas vidas conturbadas até então.
Nancy tem uma família completamente desregulada e mora em um trailer sem nenhuma condição financeira ou apoio familiar, Bonnie possui cicatrizes de queimadura no corpo inteiro, anulando qualquer traço de auto estima e Rochelle (única que não tem sua família apresentada no longa) sofre com racismo no colégio (em que ela é a única negra). Sarah surge como uma poderosa bruxa que nunca se esforçou pra tal, que apesar do assédio que sofreu, consegue seu desejo a Manon primeiro que todas as outras, fazendo com que Chris (Skeet Ulrich) desminta os boatos, e ainda por cima mantém a sua bússola moral inalterada.
O filme fala sobre abuso e o descontrole a partir do ganho do poder. Também apresenta momentos que mesclam a diversão com o suspense e termina com uma sequência de terror psicológico muito digna, que muitos filmes de terror hoje em dia não conseguem emular nem um terço da angústia. É uma sequência agoniante e que trabalha muito bem com os poderes que as bruxas aprenderam durante o longa, ilustrando o crescimento do poder de cada uma delas e o amadurecimento de Sarah ao enfrentá-las.
Durante o filme foram utilizados rituais próprios da Wicca em diversas cenas fazendo com que algumas coisas que aconteceram durante as gravações fossem estranhas até para o consultor em assuntos bruxos da produção como, por exemplo, na cena da invocação de Manon, onde diversas tentativas foram realizadas de gravar a cena devido a: maré que subia drasticamente, um bando de morcegos que invadiu as gravações etc.
O filme também flerta com o ato da mulher que decide se afastar do caminho “da luz” escolhendo “as trevas”. A escola em que as garotas estudam é de origem católica e o filme é regado por simbolismos religiosos. Quando as mulheres então, decidem quebrar com o convencional de uma vida de obediência e buscar poder para saciar seus desejos, temos o filme mostrando a quebra da convencionalidade daquela geração de mulheres que não se contentam mais apenas com o que lhes era imposto.
“Jovens Bruxas” (1996) é um filme que a cada reassistida acaba apresentando algo novo que surge de um roteiro relativamente simples. Embora extremamente subestimado em seu lançamento, é um filme divertido, com ótimas atrizes e que merece sempre uma revisitada no Catálogo do Horror.