Crítica | O Cemitério das Almas Perdidas

O Cemitério das Almas Perdidas
Data de Lançamento: 07/09/2020
Direção: Rodrigo Aragão
Cinefantasy 2020

XVII Fantaspoa

Rodrigo Aragão já é conhecido no cenário de horror nacional por filmes como Mangue Negro (2008) e A Noite do Chupacabras (2011). Sua mais recente produção, O Cemitério das Almas Perdidas, apresenta um jesuíta português que tomou posse do grimório de Cipriano e fugiu para o Brasil colônia. Aqui, perpetuou horrores contra os povos indígenas, até que foi amaldiçoado e confinado a um pequeno cemitério.

A narrativa se passa em duas temporalidades: a época colonial e algum momento após, não muito bem estabelecido, provavelmente em finais do século XIX ou começo do século XX. Acompanhamos uma trupe circense que apresenta um show de horror que acaba espantando as religiosas fanáticas de uma pequena cidade. Eles pensam que serão expulsos, mas são sequestrados por figuras encapuzadas.

O Cemitério das Almas Perdidas (2020) possui um bom trabalho técnico na parte sonora e uma caracterização excelente. O figurino e a maquiagem são excelentes e facilitam a imersão. Não é difícil comprar a história, ainda mais com a ambientação apresentada. Os efeitos especiais são, também, muito competentes. Algumas cenas nos remetem a clássicos como A Morte do Demônio (1981), Fome Animal (1992) e Os Demônios da Noite (1995). Há também homenagens ao cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão.

Na linha temporal do Brasil colônia, Aragão acrescenta diversas críticas ao colonialismo, transformando a doutrinação dos jesuítas em algo demoníaco e macabro, algo que leva à morte. Diversas referências são feitas ao genocídio indígena, porém, sendo um filme de horror, tudo aparece sob a roupagem do demoníaco, uma interessante adição.

Quando as duas linhas temporais se conectam não ficamos decepcionados. Aragão nos presenteia com um excelente gore. As cenas são repletas de sangue e membros decepados. Os mortos-vivos demoníacos tem um visual muito interessante.

Alguns poucos defeitos estão em pontas soltas no roteiro, principalmente no que diz respeito à revelação da cartomante, porém, nem de longe chegam a atrapalhar a imersão na história. Há também alguns deslizes na área da atuação. Em alguns momentos sentimos os diálogos um tanto quanto forçados, mas, novamente, nada que chegue a atrapalhar a experiência.

O Cemitério das Almas Perdidas (2020) é o filme de abertura do Cinefantasy 2020. Um festival que já começa dessa forma promete muito! Rodrigo Aragão é um diretor talentoso que sabe conduzir muito bem as sequencias que pedem mais ação.