O Homem Invisível
(The Invisible Man)
Data de lançamento: 27/02/2020
Direção: Leigh Whannell
Distribuição: Universal Pictures
Após um fraco Drácula: A História Nunca Contada (2014) e um questionável A Múmia (2017), que dariam base ao Dark Universe da produtora, a Universal decidiu resgatar um outro clássico do horror. O Homem Invisível (1897), livro de H. G. Wells, ganhou sua primeira versão cinematográfica em 1933, estrelando o lendário Claude Rains (Casablanca, 1942). Aqui no Brasil ficou bastante célebre a versão O Homem Sem Sombra (2000), com Kevin Bacon no papel principal.
O ponto mais importante para uma boa refilmagem é acertar na atualização da trama. No caso de O Homem Invisível (2020), essa atualização tem sucesso em reportar questões da atualidade. O filme conversa com o público. Os aspectos de horror nele apresentados são reconhecíveis por nós, pois são assustadoramente quotidianos. O diretor é Leight Whannell (Sobrenatural: A Origem, 2015), roteirista de Jogos Mortais (2004) e dos filmes da franquia Sobrenatural (2010-2018).
Cecilia Kass (Elisabeth Moss) é uma mulher que foge de um relacionamento abusivo com a ajuda da irmã Alice (Harriet Dyer). O homem em questão é Adrian Griffin (Oliver Jackson-Cohen), gênio da tecnologia óptica. Apesar de ser dado como morto, aparentemente suicídio, coisas estranhas começam a acontecer com Cecilia. O roteiro não faz muito suspense sobre a revelação. Cecilia logo entende o que está acontecendo ao seu redor. Essa escolha foi muito acertada. Não é necessário fazer suspense sobre algo que está no título do filme. Dessa forma, criou-se espaço para trabalhar com mais calma a agonia da protagonista por ninguém acreditar em sua história.
O filme é aterrorizante, um adjetivo que eu não uso com frequência. Apenas a ideia de um ex abusivo e invisível já é o bastante para causar medo. O diretor optou por desenvolver a tensão do filme a partir desse medo. Grande parte da potência da história se encontra no próprio espectador. São as nossas expectativas sobre as ações do vilão que causam grande parte do medo.
O sofrimento de Cecília é de fácil e rápida identificação, o que só aumenta nossa experiência de medo e tensão. A sequência inicial do longa é uma grande aula de tensão cinematográfica. Tudo é simples, mas executado com maestria. Entendemos logo de cara o que a protagonista pretende e o motivo de seu sofrimento. Acompanhamos os seus passos cheios de tensão.
Uma boa parte do filme se passa naquele momento justamente antes do jump scare. Isso significa que o espectador fica o filme inteiro no momento de tesão pré-susto. A direção consegue esse efeito com maestria ao trabalhar com a expectativa de quem está assistindo. A escolha dos planos longos também combina perfeitamente com a temática.
Elisabeth Moss (Nós, 2019) nos presenteia com uma atuação incrível, de fato memorável. Ela se entregou bem ao papel, seus sentimentos são muito convincentes. É através dela que, desde a cena inicial, nos chega o sentimento de tensão que permeia todo o filme.
O Homem Invisível (2020) é um raríssimo caso de remake que, se não supera, se iguala ao longa original. Com uma temática pesada, o longa de Leight Whannell quase não nos deixa respirar. Nos momentos em que achamos que estamos assistindo a um momento de alívio, a câmera está lá para nos lembrar que não há como descansar se a ameaça é invisível.