XVII Fantaspoa | Jumbo

Jumbo
Data de Lançamento no Brasil: 09/04/2021
Direção: Zoé Wittock
XVII Fantaspoa

Filmes como A Garota Ideal (Lars and the Real Girl) e Ela (Her) familiarizaram o público com o enredo “o homem que se apaixona por objeto inanimado” no primeiro, um manequim, e no segundo, uma inteligência artificial dublada por Scarlett Johansson.

Em Jumbo, a estreia na direção de Zoé Wittock, este tropo ganha um ingrediente novo, uma mulher como protagonista. No filme acompanhamos Jeanne uma funcionária de um parque de diversões que acabava desenvolvendo um relacionamento romântico e erótico com Jumbo, a mais nova atração do parque.

O roteiro e a direção de Zoé Wittock nos mostram metaforicamente a transformação das atrações de um parque de diversões em objetos de desejo. Desta forma a história acaba levando o espectador a transitar entre o choque e o espanto antes de se consolidar e focar no romance. Ao explorar um fenômeno pouco conhecido da vida real que é a “mecanofilia”, Zoé Wittock se aventura em um campo perigoso e que é decididamente fora do comum, em alguns momentos seu trabalho lembra um pouco Christine de John Carpenter e faz referência a Crash de David Cronenberg, conseguindo fazer isso de forma satisfatória dentro de um tema tão diferente. Claro, muito da empatia conquistada se deve a atuação de Noémie Merlant, que interpreta a protagonista Jeanne.

Jeanne está inserida no espectro autista e está no período de puberdade. O filme apresenta o relacionamento familiar dela com sua mãe, que tenta fazer com que Jeanne se interesse por alguns garotos, mas ela está completamente apaixonada pelo brinquedo do parque. O filme é conduzido por Zoé Wittock de forma a retratar a realidade da paixão que a protagonista sente por Jumbo, o que acaba tirando muito da estranheza do tema, afinal o que é o amor?

A cena de sexo entre Jeanne com o brinquedo não é agressiva e chega a ser poética por conta de uma excelente direção de fotografia. Mas, grosso modo, o filme é sobre isso: coming of age da protagonista e sua relação com a mãe. Um filme conceitual, diferente e que se for assistido em um dia propício vai provocar boas reflexões no telespectador.