Ménage
Data de Lançamento: 09/12/2020
Direção: Luan Cardoso
XVII Fantaspoa
O novo título da Quixó Produções é realizado pelo estreante Luan Cardoso. Ménage (2020) é um conto sobre sexo, política, drogas, corrupção e patriarcado. A narrativa não é linear e os acontecimentos não seguem uma ordem lógica. Este é um daqueles filmes a que devemos nos entregar. O resultado é muito satisfatório, beirando a psicodelia em certos momentos.
No início da história, três amigos de um mesmo grupo político fazem uma festa regada a álcool e drogas ilícitas. Na manhã seguinte, encontram uma garota de programa morta na piscina. Os planos para se livrar do corpo são frustrados quando percebem que um deles teve relações sexuais desprotegido com a falecida. Surge, então, um impasse, o que fazer para evitar um escândalo? Mas isso é apenas o começo do filme.
Após os eventos dessa trágica festa, os amigos não são mais os mesmos. Eles se afundam em drogas, bebida e conchavos políticos. A narrativa é uma grande viagem regada a cocaína e politicagem do mais baixo nível. As mulheres são vistas por eles apenas como objetos de prazer e negociação. Há um desprezo, ao mesmo tempo em que há um sentimento de posse sobre os corpos femininos.
Luan Cardoso explora de maneira sublime o submundo da política, trazendo o que há de mais baixo ao passo que acompanhamos o esgotamento mental dos personagens. Em um dado ponto não conseguimos mais diferenciar o real do imaginário, ou melhor, das alucinações. Compreender a história, contudo, não é o ponto desse filme. Os comentários político-sociais de Cardoso são bastante acessíveis, sobretudo a nós, brasileiros.
Os comentários críticos sobre os bastidores da política são pertinentes. O roteiro não opta por críticas genéricas e vazias como o “sou contra a corrupção”. Ele vai além disso, além dessa superfície. Cardoso coloca em tela o desprezo que a classe política tem pela própria política. É um filme a ser visto mais de uma vez.