XVII Fantaspoa | Modell Olimpia

Modell Olimpia
Data de Lançamento no Brasil: 09/04/2021
Direção: Frédéric Hambalek

XVII Fantaspoa

Em seu primeiro longa-metragem como diretor, Frédéric Hambalek, que também assina o roteiro, nos apresenta uma história perturbadora, contada de um modo que nos prende à tela. Queremos fechar os olhos em alguns momentos, mas não conseguimos parar de assistir. Modell Olimpia (2021) é um filme pesado que trata de temas incômodos.

Os personagens não possuem nome, são apenas a mãe, o filho, a vizinha… Tornando tudo mais impessoal, por consequência, aproximando a história de nós, pois os personagens ali retratados podem ser, realmente, qualquer um. Desde o início percebemos que há algo de muito estranho na relação mãe e filho ali apresentada. Ela administra uma espécie de terapia que consiste em ver fotos de mulheres desconhecidas e criar uma história de vida para elas.

Há uma outra parte desse tratamento: o filho deve se masturbar quanto vê imagens sensuais de mulheres e escuta uma fita cassete erótica. Existem também momentos de punição. Em um deles, o filho havia atingido o ápice de frente para uma imagem de São Sebastião. Em um primeiro momento, pensei que a mãe pudesse estar tentando algum tipo de “cura gay”, o que já faria do filme algo perturbador. Mas não se trata disso.

O filho, na realidade, possui fetiches extremamente sombrios e perigosos. Sua mãe parece querer ajudá-lo a ter uma sexualidade “normal”, mas o jeito como ela conduz o tratamento é extremamente bizarro. Não sabemos ao certo o quanto foi ela, a mãe, que desenvolveu no filho esses impulsos perturbadores. Os métodos da mãe só pioram ao longo do filme. Ela chega a contratar uma garota de programa para ter relações com o jovem.

A chegada de uma nova vizinha modifica a dinâmica da história. O filho parece se interessar por ela. A mãe, de início, fica indignada, com ciúmes mesmo, e pede para que a moça se afaste dele. Embora nunca haja nada de explícito, um ar incestuoso ronda o filme. A mãe é verdadeiramente obcecada pelo filho e pela sua sexualidade.

Em um dado momento, em especial a partir dessa crise de ciúmes, a mãe parece abandonar a ideia de mudar o filho e passa a alimentar suas obsessões. Ela incentiva os fetiches sombrios do filho até um ponto onde não há mais retorno. Sobre a história, só uma palavra: perturbadora.

Os aspectos técnicos são quase impecáveis. A maneira como a câmera se move, as atuações apáticas e a lentidão de algumas cenas contribuem para a construção de um clima que vai nos angustiando, nos assustando mesmo. Há momentos em que queremos desviar o olhar, passar as cenas mais rápido, porém há outras em que o filho prende completamente nossa atenção.

Modell Olimpia (2021) trabalha com uma temática muito pesada. Não é um filme fácil de assistir. Ele possui uma alta dose de violência, mas esta não é aquela violência típica de filmes de horror, expansiva, sangrenta, barulhenta… É um longa impactante.