XVII Fantaspoa | Trans

Trans
Data de Lançamento no Brasil: 09/04/2021
Direção: Naeri Do
XVII Fantaspoa

O filme sul-coreano, Trans (2021), discute o transhumanismo, nossa relação com a tecnologia e o desejo de evoluir para uma forma além da humana. Boa parte do filme se passa no ambiente escolar, onde Minyoung sofre bullying diariamente de seus colegas. A garota possui distúrbios alimentares e sonha em ter uma vida melhor, mas não exatamente do jeito tradicional.

Minyoung vem de uma família cristã, o discurso sobre a ameaça de Satã é bastante forte. Ao conversar com uma pastora, a protagonista se questiona se não há uma forma de tornar os humanos mais perfeitos, para que, então, o Diabo não fosse mais um perigo. O que a adolescente busca é uma forma de se tornar superior, mais que humana, uma só com a tecnologia.

A protagonista conhece um colega, que a salva do bullying um dia, fascinado pelo mundo high tech. Ele também compartilha da ambição transhumana da garota. Um aluno novo que possui um braço robótico vai mudar a dinâmica entre os dois. Talvez ainda mais, ele muda o filme como todo, pois é a partir dos experimentos que começamos a entender a complexidade do roteiro.

O primeiro ato é extremamente confuso. Ele parece ir e voltar no tempo. É de forma lenta que vamos nos situando na história e compreendendo que essa confusão também faz parte da narrativa. É triste, apenas, que a diretora não tenha optado pelo caminho do horror corporal, algo que combinaria muito com o filme. Vemos apenas um ensaio disso com algumas marcas que os experimentos deixam nos jovens, mas é muito pouco para nos impactar.

A falta de consistência narrativa atrapalha o entendimento, comprometendo um pouco do entretenimento. Apesar disso, Trans (2021) é uma interessante jornada íntima. O roteiro de Naeri Do sabe explorar bem o âmago dos problemas de uma adolescente e ainda nos faz refletir sobre o futuro da humanidade.