A Cor que Caiu do Espaço (2020)

A Cor que Caiu do Espaço
(Color Out of Space)
Data de lançamento: 24/01/2020
Direção: Richard Stanley
Distribuição: SpectreVision

A SpectreVision prometeu adaptar três histórias de H. P. Lovecraft para o cinema. Dois já estão confirmados: O Horror de Dunwich e A Cor que Caiu do Espaço. O diretor Richard Stanley – diretor do peculiar The Theatre Bizarre (2011) – já tentou adaptar outra renomada obra da literatura de horror em A Ilha do Dr. Moreau (1996) que, apesar de contar com os astros Marlon Brando (O Poderoso Chefão) e Val Kilmer (Top Gun), não obteve grande sucesso.

A Cor que Caiu do Espaço (2020) apresenta o versátil astro Nicolas Cage no papel de Nathan Gardner, dono de uma fazenda onde, em uma noite, um meteorito cai. O mais peculiar é a cor produzida com a queda, uma cor que a família Gardner não conseguia descrever. A partir desse acontecimento diversas coisas estranhas começam a acontecer. O hidrólogo Ward (Elliot Knight) tenta em vão testar a água do poço dos Gardner, que adquiriu uma coloração estranha.

De início apenas a filha mais velha parece perceber que algo está errado. As alpacas compradas por Nathan passam a agir de forma peculiar, plantas esquisitas nascem no jardim, o filho mais novo parece estar obcecado com o poço. Mudanças na maneira de agir e mutações físicas pautam o ambiente de desconforto em que a casa se encontra após o misterioso evento.

Nicolas Cage está bem no papel de Nathan Gardner, mantendo sua peculiar acentuação ao falar e gritando em momentos de fúria da maneira que virou sua marca registrada. Seu personagem se depara com alguns dilemas, de início não entendemos direito suas atitudes, mas o roteiro acaba justificando-as de modo satisfatório. As outras atuações também agradam, com um destaque para o veterano Tommy Chong, que tem se dedicado mais à dublagem nos últimos anos.

As escolhas visuais são muito interessantes. Na impossibilidade de representar uma cor que não existe, o diretor optou por um tom de violeta que traz muita beleza às cenas. É visualmente agradável e não foge da proposta do conto original de Lovecraft, principalmente na cena de revelação do contexto maior em que a cor se insere, momento em que o horror cósmico toma a tela.

O horror mais visual fica por encargo das mutações que a cor misteriosa causa – e aqui devemos ressaltar o belo trabalho de maquiagem. Os monstros são uma verdadeira homenagem à obra de Lovecraft. Eles realmente se assemelham às descrições que o autor apresenta ao longo de seus contos. Não oferecer explicações detalhadas para todos os horrores mostrados em cena é um ponto forte nesse sentido, pois o roteiro respeita o estilo narrativo de Lovecraft.

A Cor que Caiu do Espaço (2020) é um bom início para a trilogia de adaptações de Lovecraft proposta pela SpectreVision. Esperamos que a qualidade se mantenha em O Horror de Dunwich, ainda sem data confirmada de lançamento, uma história que já foi adaptada em 1970 por Daniel Haller, com produção de Roger Corman.