A Cor Rosa

A Cor Rosa
(The Color Rose)
Data de Lançamento: 01/03/2020
Direção: Courtney Paige
Distribuição: Neon
Fantaspoa 2020

A Cor Rosa é uma história sobre pecado, segundo a personagem que nos narra o filme. A produção é o primeiro longa de Courtney Page e nos apresenta uma cidade pequena e fortemente religiosa na qual vive um grupo de sete amigas conhecidas como “os pecados”. Katie representa a ganância, Stacey a inveja, Robyn a preguiça, Molly a gula, Tori a ira e por fim temos a narradora Aubrey, orgulho e a protagonista Grace, a luxúria. É como se Meninas Malvadas (2004) encontrasse Se7en – Os Sete Crimes Capitais (1995).

O grupo de amigas estuda em um colégio confessional só para mulheres. Elas acabaram por adotar a alcunha de “os pecados”, pois isso as distingue socialmente dentro da escola. Elas são apresentadas através da narração de Aubrey, o que não nos ajuda a compreendê-las muito bem, apenas as conhecemos através do esteriótipo do pecado que representam.

A exceção é Grace, a protagonista, que é apresentada em seu convívio familiar. Há também uma cena de seu envolvimento com práticas satânicas, mas o roteiro ignora esse fato completamente depois. Há mais algumas cenas desnecessárias que poderiam dar lugar a um melhor desenvolvimento das personagens e, principalmente, da figura mascarada.

Grace é filha do pastor e recebe uma bronca de seu pai, pois alguma colega foi se confessar e revelou sobre “os pecados” e o envolvimento romântico de Grace e Tori. As suspeitas recaem sobre Aubrey, que mantém um diário atualizado com os pecados das amigas. Elas tentam assustá-la mas as coisas saem do controle. As meninas então, começam a morrer, uma por uma.

O clima do filme remete aos slashers dos anos 1990. Porém a figura mascarada é muito pouco explorada. As garotas aparecem já mortas ou então já capturadas, então a tensão gerada pela perseguição, tradicional nos filmes desse subgênero, não existe. A Cor Rosa parece indicar um caminho, mas ter receio de se admitir enquanto filme de horror.

 

A partir daqui há spoilers que podem atrapalhar a sua experiência!

Talvez o maior erro seja o final que, em um primeiro momento, não surpreende ninguém e, com a segura reviravolta, desanima o espectador. A grande (primeira) surpresa é que Aubrey é a assassina mascarada, e em um dado momento ela fala a Grace “você deve estar se perguntando como eu voltei dos mortos”. O problema é que ninguém se pergunta isso porque a cena em que ela aparece morte simplesmente não esta no filme. A única informação que temos é a de que ela está desaparecida. Além disso, mesmo mascarada, é evidente pela sobrancelha ruiva que se trata da garota.

A outra revelação, que coloca o legista como culpado, também não faz muito sentido. O roteiro introduz um flashback pouco convincente o ligando a práticas satanistas. Ele mata sua parceira Aubrey, mas quer também matar as garotas capturadas e tudo fica ainda mais forçado com a chegada do xerife que praticamente se deixa ser morto pelo legista.

A Cor Rosa tem defeitos que atrapalham bastante a nossa imersão no filme. Faltam elementos para que possamos nos conectar às personagens e nos preocuparmos com suas vidas. Os assassinatos acontecem muito rápido e o conceito de morte específica para cada pecado é abandonado após a primeira vítima. Foi a primeira decepção desse XVI Fantaspoa.