A Ilha da Fantasia

A Ilha da Fantasia
(Fantasy Island)
Data de Lançamento: 14/02/2020 (EUA)
Direção: Jeff Wadlow
Distribuição: Sony Pictures 

Quando ainda somos crianças, adoramos nos aventurar na cozinha e preparar comidas ou doces repletos de ingredientes que gostamos, e em nossa cabeça aquilo obviamente dará certo. Não demora muito para experimentarmos e descobrirmos que nem sempre arremessar incontáveis sabores (que já deram certo sozinhos alguma vez) e juntá-los em um único prato é uma boa receita. Aparentemente os roteiristas e produtores de A Ilha da Fantasia não tiveram essa experiência. Dois anos após seu último longa, “Verdade ou Consequência” (2018), o diretor Jeff Wadlow volta novamente para as telonas, junto com o produtor Jason Blum (Blumhouse Productions) e com a atriz Lucy Hale para uma nova jornada. Desta vez, uma adaptação pra lá de re-imaginada da série “A Ilha da Fantasia”, que foi transmitida entre 1977 e 1984 pela ABC.

Um grupo de jovens adultos parece ter sido sorteado para participar de uma viagem memorável em uma belíssima ilha no Oceano Pacífico, onde suas fantasias e desejos mais improváveis podem ser realizados. Porém, logo irão descobrir que nem sempre seus desejos ocorrem como imaginam, e se verão presos em uma ilha cheia de forças malignas determinadas a tirar suas vidas.

Desde os minutos iniciais do filme, nos certificamos de que os envolvidos na produção não fazem a menor questão de trazer algo novo. A própria premissa já nos remete à uma previsível mensagem que lida com a subversão da expectativa de personagens egoístas, aproveitadores e exagerados. Ainda que nem todos personagens tenham más ou fúteis intenções, toda e qualquer individualidade entre os viajantes logo se perde pela pressa e falta de capricho do roteiro, que por sua vez prefere focar em trazer um ritmo frenético frente à perseguições e corridas contra o tempo.

Esse excesso de dinamismo não só afeta o desenvolvimento dos personagens, como também o próprio envolvimento do espectador com o desenrolar da história, uma vez que o enredo dosa muito mal o tempo de cada subtrama. Na primeira metade do filme notamos uma quantidade maior de alívios cômicos (alguns funcionais), mas que não ofuscam o pressentimento de que tudo irá por água abaixo dentro de alguns minutos (e vai). O maior problema da obra está na obsessão em trazer inúmeras reviravoltas pouco prováveis durante seu terceiro ato, o que de fato torna o final do filme imprevisível (diferentemente de sua premissa), mas sem justificar seus terríveis erros cometidos durante todo o seu segundo ato, além de confundir o público mais do que satisfazer.

Na tentativa de arremessar elementos como vingança, tiros, luto, autoaceitação e muitos outros, a obra acaba por escancarar sua falta de competência em contar uma história interessante. Atirando para todos os lados, A Ilha da Fantasia e seus personagens estereotipados e inconsequentes, por mais imprevisíveis que tentem parecer, se mostram incapazes de nos cativar por mais de 10 minutos consecutivos. Por fim, fica a impressão, ou melhor, a certeza, de que presenciamos mais um filme de ação/aventura mal elaborado, em vez de um terror ou thriller que de fato nos proporcione medo e tensão.