A Mulher da Foto

A Mulher da Foto
(The Girl in the Photographs / Woman of the Photographs / スクリーム・ガールズ)
Data de Lançamento no Brasil: 08/09/2020
Direção: Takeshi Kushida
Cinefantasy 2020

A história apresenta um fotógrafo recluso que se apaixona por uma mulher que está confusa sobre sua identidade e com problemas de autoestima. Com suas habilidades de edição, ele tenta ajudá-la a alterar suas percepções sobre si própria. É o primeiro filme do diretor japonês Takeshi Kushida, que também assina o roteiro do longa.

O fotógrafo, Kai, é um especialista em retocar fotos digitalmente, vai a banhos públicos e gosta de escutar música em seu tempo livre. Ele tem uma particular fascinação por insetos. Seu animal de estimação é um louva-a-Deus. Ele inclusive costuma ir à floresta fotografar insetos. É justamente em uma dessas viagens que ele vê uma mulher caída nos galhos de uma árvore. Ela é uma blogueira que tenta tirar fotos para se instagram, mas se acidenta.

Kai decide ajudá-la e lhe dá carona para a cidade. Eles acabam parando em seu estúdio fotográfico para uma sessão. Lá, Kyoko se encanta com suas habilidades de edição. Dessa maneira, se cria uma relação entre os dois. A mulher vai ocupando cada vez mais espaço em sua vida. Ele a fotografa e edita suas fotos. Ela até mesmo se muda para a casa dele.

Kai é um personagem praticamente mudo, enquanto Kyoko fala sobre todos os assuntos. A blogueira tem uma grande preocupação com a sua própria imagem. Ela está perdendo seguidores e isso afeta os contratos de divulgação que tem com empresas. É observando uma cliente da loja, que pede ao fotógrafo que modifique completamente seus traços, que Kyoko acaba se encontrando, ou assim pensamos.

A Mulher da Foto (2020) discute se podemos nos amar apenas pelo olhar dos outros ou se podemos desenvolver esse sentimento por nos mesmos. O filme trabalha bem com a questão da exposição nas redes sociais e os potenciais problemas psicológicos que podem ser causados por elas. O roteiro não deixa de criticar a busca obsessiva por um eu verdadeiro – fundamentado na imagem – e se questiona até que ponto devemos expor as nossas próprias cicatrizes.

Por último, destaco o competente trabalho de fotografia e edição e mixagem de som. Eles concedem a profundidade que o roteiro de Takeshi Kushida propõe. O final abre a possibilidade para diferentes interpretações e reflexões. A analogia com o louva-a-Deus deixa ainda mais complexa a conclusão. É um filme muito bonito e envolvente.