Ameaça Profunda
(Underwater)
Data de Lançamento: 09/01/2020
Direção: William Eubank
Distribuição: 20th Century Fox
Um filme que une ficção-científica, horror e um bom elenco, Ameaça Profunda (2020) entretém e intriga. O diretor consegue prender a atenção do espectador e criar tensão no fundo do mar, com direito a criaturas monstruosas. William Eubank é conhecido por O Sinal – Frequência do Medo (2014), outro bom exemplo da união desses dois gêneros cinematográficos.
A ação não demora a acontecer, um ponto positivo do filme. O roteiro não se preocupa em nos mostrar o quotidiano dos que vivem na plataforma. Já de início somos confrontados com o perigo iminente e a corrida pela sobrevivência de Norah (Kristen Stewart). Os demais personagens são todos introduzidos de acordo com os acontecimentos que a cercam. Ela encontra Rodrigo (Mamoudou Athie) em meio ao caos da fuga, enquanto Paul (T.J. Miller) é resgatado em meio aos escombros dos andares que desabam.
A escolha de colocar a ação já nos primeiros minutos, entretanto, acaba não concedendo grande espaço para um desenvolvimento prévio dos personagens. Norah é introduzida através de alguns monólogos que são interessantes, mas não entregam muito. A escolha do diretor parece ter sido a de construir a personagem através de referências a filmes que trabalham com o isolamento, como O Enigma de Outro Mundo (1982) e Alien, O Oitavo Passageiro (1979), sobretudo pela figura da tenente Ripley.
Os personagens trabalham em uma plataforma de mineração das indústrias Tian, que buscam recursos naturais em uma profundidade nunca antes explorada. O problema é que esse empreendimento humano acaba por acordar horrores inimagináveis. O desastre começa com um terremoto que compromete a integridade da plataforma. Os personagens devem deixar o local, porém não há mais cápsulas de fuga. Há mais de 10km de profundidade eles devem correr contra o tempo e fugir para a superfície antes que o oxigênio acabe.
O filme conta com boas sequências de ação e aposta em um horror claustrofóbico. Talvez a tensão se ampliasse se o filme indicasse de forma mais explícita a diminuição do nível de oxigênio. Só sabemos quando ele de fato está em níveis críticos. A computação gráfica é competente, claro que a fotografia escura ajuda, porém os monstros são bem feitos e sua movimentação aquática não fica artificial. É possível perceber a influência de H. P. Lovecraft, porém, ela é mais estética que narrativa.
Ameaça Profunda (2020) é um bom filme, mas deixa a impressão de que poderia ter sido mais ousado. As cenas na água funcionam bem, não soam artificiais. O grande destaque talvez vá para a interação dos personagens de Kristen Stewart e Vincent Cassel, que vive o capitão da plataforma. A crítica a mineradoras é sempre pertinente.
