Crítica | Black Water: Abyss

(Black Water: Abyss)

Data de Lançamento: 07/08/2020 (EUA)

Direção: Andrew Traucki

Distribuidora: Altitude Film Distribution

Depois de ter seu antecessor lançado em 2007, ano em que crocodilos assassinos foram uma constante no cinema – vide Morte Súbita, Primitivo e o primeiro Medo Profundo que foram lançados neste mesmo ano – aparentemente a marca Black Water havia sido finalizada. Porém, em 2020 foi lançado o segundo filme da agora franquia, intitulado Black Water: Abyss.

Sendo um dos primeiros filmes lançado nos cinemas de alguns países como Reino Unido e Canadá depois da reabertura após o fechamento devido a pandemia do Coronavírus, Abyss segue cinco amigos que, ao decidirem adentrar uma caverna nunca antes explorada em uma floresta da Austrália, acabam encurralados entre uma tórrida tempestade tropical e soturnos e mortais crocodilos gigantes.

Apesar do descanso da franquia, os treze anos de hiato não fizeram com que clichês e situações utilizadas em filmes desses subgêneros (animais assassinos e explorações subterrâneas) deixassem de ser recorrentes aqui. Aventureiros que decidem ir para locais remotos sem avisar a mais ninguém, guias experientes que cometem falhas mortais, personagens que a partir do mais profundo nada se tornam experts em animais e suas peculiaridades.

A direção de Andrew Traucki (diretor inclusive do primeiro Medo Profundo) e a fotografia (Damien Beebe) são sem dúvidas pontos positivos. O ambiente cavernoso é iluminado na medida certa para que o telespectador acredite na escuridão que os personagens descrevem, mas claro o suficiente para que entendamos a geografia do local, que é muito bonito apesar de tudo. A utilização de planos mais abertos para mostrar a geografia da caverna e closes nos atores servem para demonstrar o quão pequenos eles estão e que, mesmo sendo um local tão aberto, pode se tornar claustrofóbico ao perceber-se que não possui uma saída aparente.

Embora o filme tenha cerca de 98 minutos, ele pode se tornar maçante pelo uso desenfreado das mesmas situações onde os personagens precisam andar silenciosa e sorrateiramente pela água em busca de uma saída enquanto tentam escapar do predador assassino. Predador esse que, na tentativa de emular uma situação similar ao monstro épico de Tubarão (1975), peca pelo excesso de cortes em cenas de morte, que impossibilitam qualquer vislumbre mais preciso do crocodilo, como em cenas de CGI horríveis quando finalmente decidem mostrar mais do monstro.

A primeira metade do filme funciona bem enquanto um suspense de uma tragédia anunciada na qual, por termos uma visão privilegiada como telespectadores, conseguimos predizer os acontecimentos. Também nos importamos com os personagens, que, ao serem desenvolvidos, nos fazem compreender que possuem mais de uma faceta, porém nenhuma característica que possa realmente ser útil ao desenrolar da trama. Porém, ao apostar em mortes não muito eficazes e situações onde o crocodilo age como se tivesse sua própria agenda ao atacar os cinco amigos, o filme acaba por nos desprender um pouco da experiência.

De forma geral, Black Water: Abyss é um filme bonito, com uma fotografia interessante e que, sem muito investimento de expectativas altas, pode ser uma boa diversão, ainda que não muito memorável.