Brinquedo Assassino
(Child’s Play)
Data de Estreia no Brasil: 22/08/2019
Direção: Lars Klevberg
Distribuição: Imagem Filmes
Já com uma longa e duvidosa franquia nas costas, o título Child’s Play (Brinquedo Assassino) carrega uma imagem associada ao terror trash desde seu primeiro fruto, em 1988. Neste novo filme, os assassinatos brutais e o caráter amedrontador da obra permanecem, porém diferentemente do clássico de Tom Holland, a produção dirigida por Lars Klevberg (também responsável pela direção do filme Polaroid/“Morte Instantânea”, ainda sem data de lançamento no Brasil) tira o pé do sobrenatural para dar lugar ao consumismo desenfreado proporcionado pelas novas tecnologias, e o tempera com um tom cômico e uma carga dramática que tornam o enredo no mínimo interessante.
Acompanhamos o personagem principal Andy (Gabriel Bateman) e sua mãe Karen (Aubrey Plaza) em um recomeço em uma nova cidade. Após notar que Andy não tem muito interesse em fazer novos amigos, Karen decide dar a ele, de presente de aniversário, um boneco eletrônico chamado Buddi que promete além de divertir a todos, ajudar no desenvolvimento mental das crianças com varias atividades. Entretanto tudo começa a ir por água à baixo quando o boneco passa a ser possessivo com o garoto e a demonstrar um comportamento perigoso.
Sem exagerar nos jump scares e com boas sequências de diálogos entre os personagens, o roteiro de Tyler Burton Smith permite uma imediata aproximação do espectador com as intenções do protagonista, que claramente é ajudado pela ótima interpretação de Gabriel Bateman. Sabiamente, a direção de Klevberg de leves movimentos de câmera e uma interessante alternância de enquadramentos fechados e planos abertos (incluindo a visão do próprio boneco) assegura um envolvimento gradativo do público com a trama, dando espaço para que possamos frequentemente tentar prever como o filme vai se resolver, sem que percamos a atenção na história para isso.
Há tempos o design facial de Chucky deixa a desejar, e aqui não é diferente. Porém isso é facilmente compensado por sua icônica personalidade, que consegue cativar de forma cômica, dramática e amedrontadores. Felizmente a aposta dos produtores em chocar o público é alcançada com sucesso uma vez que temos aqui finalmente a valorização de mortes criativas (embora nem tanto), com direito a membros despedaçados. A trilha musical originalmente composta por Bear McCreary auxilia diretamente em nossa imersão, sabendo dosar bem entre melodias mais alegres infantis para cenas mais leves, musicas tocantes durante sequências dramáticas, e claramente harmonias dissonantes enquanto a tensão pura e bruta tomam conta das ameaças de Chucky.
Ainda que não haja nada de realmente novo na obra, e seja na verdade uma composição de cenas sangrentas com humor e drama, dentro do que a obra se propõe, Brinquedo Assassino consegue divertir, emocionar seu público de alguma forma, e até nos fazer sentir pena de Chucky em alguns momentos (sim, acredite). Sob um olhar inteligente, mesmo que não original, a franquia não está em mãos ruins, e promete alguns bons sustos, muito sangue e uma trama satisfatória para quem se dispor a investir duas horas de seu tempo.