Cabrito

Cabrito
Data de Lançamento: 24/07/2020
Direção: Luciano de Azevedo
Distribuição: Elo Company
Fantaspoa 2020
Cinefantasy 2020

Dividido em três partes, Cabrito nos apresenta o tema das relações familiares e a religiosidade, através do olhar do cinema de horror, é claro. Desenvolvido a partir do curta homônimo de 2015, a produção apresenta uma narrativa forte e trabalha com temáticas pesadas. Nas três acompanhamos o filho, que está cercado pelos problemas sociais e pela não aceitação de sua família.

Nem o pai morre, nem a gente almoça é o primeiro segmento. Nele a relação conflituosa envolve, especialmente, pai e filho. Um dos irmãos é odiado pelos outros e renegado pelo próprio pai. Aliás, o monólogo do pai, com o olhar fixo para a câmera é hipnotizante. Essa primeira história ainda trata da temática do canibalismo.

Ninguém come antes da mãe rezar nos transporta para os conflitos entre o filho adulto com sua mãe. Ela é uma figura opressora e muito religiosa. Trata o filho como um incapaz, o lembra a todo o momento de que ele não é suficiente. Enquanto isso acompanhamos uma narrativa mais alegórica, com o homem perdendo sua sanidade.

A sagrada família é o ultimo segmento. Se nos dos primeiros o foco foi na relação entre pais e filho, esse trabalha com a relação amorosa. É claro que o conceito de família é subvertido de uma forma que só o horror pode nos proporcionar. Somos confrontados por imagens violentas e abjetas. Luciano de Azevedo consegue conduzir muito bem os acontecimentos.

Cabrito tem força para concorrer ao prêmio. Infelizmente possui algumas imperfeições técnicas que atrapalham a experiência. A fotografia é, por vezes, desatenta e há também algum problema no nível de edição e mixagem de som. Seu maior mérito é conseguir debater patriarcado, pobreza, religiosidade e relações familiares através das ferramentas que o cinema de horror disponibiliza.