As Almas que Dançam no Escuro
Direção: Marcos DeBrito
Data de Lançamento: 09/09/2021
Cinefantasy 12
Carlos reluta em reconhecer o corpo de sua filha. Ela não está do modo como ele lembrava, seu cabelo não é mais da mesma cor e ela possui até uma tatuagem que ele não havia visto antes. Assim começa As Almas que Dançam no Escuro (2021), filme escrito e dirigido por Marcos DeBrito. A narrativa mantém um clima pesado o tempo inteiro, o que nos puxa para a jornada do protagonista.
O pai, inconformado pela perda da filha, decide investigar por ele mesmo. Ele começa buscando por pistas no celular de sua falecida esposa, cuja morte também ocorreu há pouco tempo. Através das mensagens enviadas da filha para a mãe, ele descobre da existência de um Clube do Inferno, um local onde a moça ia para dançar e esquecer seus problemas.
Ao chegar no clube, o protagonista se depara com um figura com chifres, que comanda o local. O sobrenatural ronda a casa de festas e ele acaba realizando um pacto com o tal personagem. Em troca de tocar em sua filha novamente, ele precisaria matar o homem responsável pela morte da jovem. Se tem algo que filmes de horror nos ensinam, é que nada é o que parece. A jornada de Carlos é como uma escada para o inferno. Cada vez mais ele se perde em sua própria raiva e negação.
Há alguns movimentos de câmera muito interessantes. O clube apresentado de cabeça para baixo é uma referência bastante óbvia, mas que não deixa de ter o seu charme. Apresentando o ambiente dessa forma, DeBrito não deixa espaço para dúvidas, ali é um ambiente sobrenatural. Além disso, já podemos sentir que nada daquela jornada vai acabar bem.
Ao longo do caminho de autodestruição percorrido por Carlos, não é difícil adivinhar quem é o tal responsável, mas mesmo tendo matado a charada antes, o filme não perde o seu impacto. A realidade é dura e muito triste, algo que DeBrito conseguiu representar muito bem em sua obra. Apesar de uma fotografia inconstante e alguns problemas de atuação, As Almas que Dançam no Escuro (2021) é um belo filme que retrata o luto masculino, com todas as obrigações impostas ao homem de suprimir seus sentimentos, por mais que isso possa machucar quem está à sua volta.