Clarita

Clarita
Data de Lançamento: 12/06/2019
Direção:  Roderick Cabrido
Distribuição: ABS-CBN Film Productions
Fantaspoa 2020

Clarita é uma produção filipina baseada em um caso dito real de possessão demoníaca. Em 1953, a jovem Clarita Villanueva, de apenas 17 anos, foi possuída por espíritos malignos. Ela era filha de uma curandeira que faleceu quando tinha 12 anos. Órfã, viveu uma vida errante e chegou a ser presa. Poucos dias após sua prisão, a suspeita de possessão trouxe o pastor estadunidense Lester Sumrall, que conduziu o exorcismo. No filme ele foi trocado por dois padres católicos.

O longa-metragem se inicia com a prisão de Clarita, na cidade de Manila. Logo, o prefeito passa a discutir se o caso se trataria de possesso demoníaca ou transtorno de personalidade múltipla. Seu esforço de tentar afastar jornalistas sensacionalistas se mostrou inútil quando a moça arrancou o próprio dedo com os dentes. Assim, ele busca a ajuda de dois padres da região.

O primeiro ato é bastante interessante. Ele busca estabelecer o problema e ditar o tom que o filme deseja seguir, mesclando horror e drama. Neste momento, o diretor opta por não utilizar o recurso do jump scare em vários momentos propícios a isso. Ângulos mais baixos de câmera e uma fotografia mais escura compõe de maneira satisfatória o clima de suspense.

Já com 25 minutos de filme temos o primeiro exorcismo. O roteiro opta por não ficar segurando o ritual, o que é bastante interessante. Destaco o bom uso das sombras que, para além de driblar problemas com o baixo orçamento, traz personalidade à produção.

Uma parte do desenvolvimento da historia de dissolve em meio aos dramas do padre Benedicto e da própria Clarita. Isso não chega a ser um grande defeito, mas quebra o ritmo da narrativa. A investigação que o padre, acompanhado de uma jornalista, se propõe a fazer da vila natal da moça recebe pouquíssimo tempo de tela, o que nos afasta de uma problematização do preconceito religioso em relação a conhecimentos tradicionais – a mãe de Clarita era uma curandeira – e nos aproxima de um discurso religioso sobre a importância da fé.

Clarita é um bom filme de possessão. Pessoalmente é muito bom ver uma produção sobre esse tema com essa qualidade, ainda mais depois de decepções recentes como O Exorcismo de Anna Ecklund (2016) e Abigail Haunting (2020). Apesar de uma maior atenção narrativa à parte dramática, há momentos de horror bem conduzidos pelo diretor.