Come To Daddy

(Come To Daddy)
Data de Lançamento: 07/02/2020 (EUA)
Direção: Ant Timpson
Distribuição: Saban Films 

A onda do horror comedy (ou comedy horror) vem tomando cada vez mais proporção no cenário audiovisual independente. Identificado como uma espécie lucrativa e ao mesmo tempo desafiadora de entretenimento, por levar ao espectador uma combinação entre os dois gêneros mais rentáveis de todos os tempos, a comédia e o terror, é óbvio que nesse contexto surgem obras que impressionam pela facilidade em controlar bem ambos os gêneros e entregar um resultado satisfatório diante disso, mas ao mesmo tempo é inegável que, assim como qualquer outro gênero, há roteiros que simplesmente não alcançam essa façanha e decepcionam fortemente. Digamos que Come To Daddy se enquadra num meio termo entre essas duas opções.

No filme, o singelo jovem Norval (Elijah Wood), que vive somente com sua mãe desde que seu pai lhe abandonou quando criança e desde nunca mais entrou em contato, recebe uma misteriosa carta de seu pai o convidando para conhecer sua isolada casa à beira-mar. Norval aceita o convite e ao chegar lá, passa a ver suas expectativas de possivelmente se resolver com seu pai serem assustadoramente subvertidas pouco a pouco.

Durante a primeira metade do filme, o roteiro equilibra muito bem situações tensas com humor, sem permitir que o suspense seja afetado. O elenco se sai bem dentro das possibilidades que seus personagens apresentam. Elijah Wood interpreta um personagem principal que possui na inocência, sua maior vantagem e também desvantagem, além de, consequentemente, uma das maiores fontes de humor do filme.

O diretor Ant Timpson demonstra boa capacidade de situar o espectador diante dos cenários e dos personagens. Não nos sentimos perdidos diante das transições de planos em ângulos diferentes. Porém se não nos encontramos desnorteados diante do espaço, é difícil dizer o mesmo sobre o rumo da narrativa.

A história desperdiça seu potencial ao assumir, a partir da metade do segundo ato, um caminho de pouco impacto e relevância dentro do vinha propondo até então. Optando por um recorte nada interessante, vemos as possibilidades inexploradas entre a relação do protagonista com seu pai descer por água a baixo. Perto do encaminhamento final, os alívios cômicos se tornam frequentes demais e pouco verossímeis, fazendo com que percamos quase que completamente a empatia pelo protagonista e seus objetivos.

Apesar do terceiro ato praticamente comprometer boa parte de nosso entusiasmo, Come To Daddy tira boas ideias do papel em uma história repleta de personagens estranhos, situações desconfortáveis e humor jovial.