Crítica | Army of the Dead: Invasão em Las Vegas

Army of the Dead: Invasão em Las Vegas
(Army of the Dead)
Data de Lançamento: 21/05/2021
Direção: Zack Snyder
Distribuição: Netflix

         O que esperar de um filme clichê, com reviravoltas clichês, personagens clichês em arquétipos clichês temperados com dramas clichês? No caso de Army of the Dead: Invasão em Las Vegas, um filme muito divertido.

         Zack Snyder – ou Snygod, para os íntimos – está de volta à direção de blockbusters com o novo longa de ação-drama-terror-gore da Netflix. Em Army of the Dead seguimos um grupo com habilidades bem específicas para realizar um roubo milionário em uma Las Vegas tomada por zumbis.

         O filme é realmente clichê, como falado acima, mas ao mesmo tempo que tem suas falhas na previsibilidade da trama e nos dramas que ninguém se importa muito, consegue entreter muito tanto nos momentos de ação como no desenvolvimento de uma mitologia interessante e até certo ponto inovadora para os mortos vivos.

         Desde 1938 esses seres fantásticos são abordados nas salas de cinema, tendo então as mais diversas explicações para a causa da criação de seres tão grotescos. Desde as crenças Vudu baseadas na religião, poções mágicas (Zumbi Branco, 1938), acidentes radioativos (A Noite dos Mortos-Vivos, 1968) e mais comumente como vírus, o subgênero de zumbis é costumeiramente utilizado para criticar alguns pontos cruciais da sociedade, mas não obrigatoriamente.

         Army of the Dead possui pontos que podem ser destacados de forma crítica como a utilização de Las Vegas – a cidade do pecado – para ser o marco zero do surto (remetendo ao consumismo de “O Despertar dos Mortos”), ou os acampamentos de refugiados que são extremamente precários e ainda não trazem segurança nenhuma devido ao abuso de autoridade. Mas o longa não chega de fato a desenvolver essas tramas.

         Talvez o maior ponto positivo – e um forte ponto negativo – seja a forma de os zumbis se apresentarem, que apesar da similaridade às maquinas mortais implacáveis de “Guerra Mundial Z”, além da transformação – que é igualmente rápida –, aqui, os trôpegos possuem uma mente coletiva, obedecendo a seus alfas.

         Já algo que Army of the Dead tropeça bastante é no quantos os zumbis realmente são letais. Em algumas cenas eles já chegam virando o pescoço dos personagens, em outras eles parecem dançar tango sem nem ao menos tentar arranhar ninguém. Isso é comum no gênero, mas nunca deixa de incomodar.

         Os personagens são arquétipos muito claros: Ward (Dave Bautista) é o protagonista perturbado e monossilábico, Cruz (Ana de la Reguera) é o interesse romântico disposta a tudo pelo seu querido, Dieter (Matthias Schweighöfer) o alívio cômico, Vanderohe (Omari Hardwick) o durão de coração mole, e assim vai. Apesar de dramas bregas e frases de efeito, os atores seguram muito a barra trazendo, apesar de tudo, carisma para seus personagens.

         Aqui os zumbis perdem muito da abordagem cientifica mais comum, o que abre espaço para “piração”. Depois do bebê zumbi em “Madrugada dos Mortos” (2004), Zack Snyder agora mostra animais zumbis e até algo mais intrigante – e engraçado – próximo ao final. Outros pontos muito positivos são: trilha sonora que apresentam músicas que brincam com as situações, além de ótimos covers; o sangue que jorra em diversos momentos, em sequencias muito legais.

         No retorno aos zumbis e em seu primeiro longa autoral desde “Sucker Punch: Mundo Surreal”, Zack Snyder realiza em Army of the Dead: Invasão em Las Vegas não o filme perfeito, mas um respiro para o gênero que consegue ser bem divertido. Um aceno aos filmes clássicos, mas que procura ser original, na medida do possível.