Crítica | Batman

Batman
(The Batman)
Data de Lançamento: 04/03/2022
Direção: Matt Reeves
Distribuição: Warner Brothers

Apostando em um Batman mais novo e menos experiente, Matt Reeves nos apresenta uma história de crime que demanda as habilidades de detetive do homem morcego e, claro, muita porrada. Robert Pattinson é um excelente Batman, mas fica um pouco apagado como Bruce Wayne, devido ao pouco tempo de tela e à própria opção do roteiro de torná-lo um misantropo.

O roteiro aposta em uma versão ainda mais antissocial do personagem, que descobre que suas atitudes enquanto vigilante mascarado podem ter – e têm – consequências bastante graves. Atuando já há 2 anos na cidade de Gotham, o Battinson, como está sendo apelidado pelos fãs, afirma que o medo é sua maior arma. Ele não consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo, mas não precisa. O que importa é que pensem que ele está em cada canto escuro, em cada sombra da cidade. O foco do filme é no período em que o herói ainda está se estabelecendo em Gotham. Ele já possui certa fama, os bandidos conhecem a figura sombria e perigosa que sai à noite para agredir assaltantes e traficantes.

O roteiro não se preocupa em mostrar claramente a história de origem do Batman – as mortes de Thomas e Martha Wayne. Bruce perdeu os pais quando criança e ao longo do filme vai descobrindo segredos sobre eles que nem imaginava. A história segue a estrutura de um suspense policial. Não há grandes reviravoltas, o tom adotado é mais sóbrio, mas a perseguição a um serial killer, o Charada, empolga. As inspirações na HQ O Longo Dia das Bruxas (1996) são perceptíveis.

No início do filme, o herói parece achar que o medo como ferramenta bastaria para reduzir a criminalidade. O problema é que um grande vilão surge, fazendo com que o homem morcego reveja algumas de suas próprias atitudes. O Charada de Paul Danno tem um visual diferente do até então apresentado no audiovisual. Ele conta com um casaco longo e uma máscara de couro.

O Charada possui uma visão muito destorcida de justiça. Ele quer punir personagens que, em sua percepção, são responsáveis pela decadência de Gotham. Políticos, mafiosos, policiais corruptos… Esses são os alvos do vilão que não tem o menor pudor em matar suas vítimas. A influência de Coringa (2019) é perceptível. O Charada é um psicopata que vai contra os que estão no poder e deseja trazer o caos, destruindo a alta sociedade de Gotham e a própria cidade no processo.

Um dos grandes destaques é o Pinguim de Collin Farrell que, apesar de não ter muito tempo de tela, rouba a cena cada vez que aparece. seu personagem parece ter sido tirado de um filme de Scorsese. Ele é o mafioso clássico, perigoso e debochado. Pessoalmente, espero que ele ganhe maior destaque em uma sequência.

Zoë Kravitz também faz um excelente trabalho como a Mulher-Gato. Ela trabalha no bar gerenciado pelo Pinguim e pelo mafioso Carmine Falcone (John Turturro). A personagem também possui um arco de investigação que acaba se encontrando com o do protagonista. A química entre Pattinson e Kravitz  é sentida a quilômetros de distância.

O Gordon de Jeffrey Wright é muito bem construído. Ainda não comissário, o tenente Gordon se estabelece no GCPD, sempre focando no combate contra a corrupção interna do departamento. Sua personalidade em muito parece com o Gordon dos Novos 52!. Sua relação com o Batman é de confiança e ajuda mútua. Ambos necessitam um do outro para atingir seus objetivos.

Batman (2022) nos traz uma história decente de investigação, estabelece o Batman de Pattinson e nos deixa na expectativa para as próximas aparições do herói. Reeves continua na pegada do Batman mais sombrio, algo que vem se estabelecendo como uma identidade da DC frente à Marvel. As cenas de ação são muito eficientes e bem coreografadas, mas o maior destaque vai para a cena de perseguição com o Batmóvel que conta com luz neon, explosões e capotamentos.

Moralmente dúbio, herói inexperiente, misantropo. Essas três características somadas a uma pulsão sexual complementam o Batman de Reeves. Apesar de alguns pontos baixos no segundo ato e de ter, em minha opinião, não ter aproveitado muito bem o Charada, Batman (2022) é um bom filme, tanto um bom suspense policial, quanto um bom filme de herói.