Crítica | Bela Vingança

Bela Vingança (Promissing Young Woman)
Data de Lançamento: 25/01/2020
Direção: Emerald Fennell 
Distribuição: Focus Features

Para todos os efeitos, Bela Vingança é um filme que tem tudo para cativar e ganhar a atenção do público. Tem performances de primeira, uma adorável estética pop, homens sendo colocados em seus lugares e uma trilha sonora surpreendente que inclui uma versão da música Toxic de Britney Spears.

Bela Vingança  é dirigido por Emerald Fennell, a showrunner da segunda temporada de Killing Eve e estrelado por Carey Mulligan fazendo o papel de Cassie, uma jovem que tem a vida inteira pela frente até que um evento misterioso destrói abruptamente seu futuro.

Mas nada na vida de Cassie é o que parece ser, ela é perversamente inteligente, tentadoramente astuta e vive uma vida dupla secreta, até que um encontro inesperado dá a Cassie a chance de corrigir traumas de seu passado.

Há muitas ideias inovadoras neste filme, uma estética que usa paleta colorida contrastando com o tom sombrio do tema, uma escolha que traz uma atmosfera diferente do que esperávamos.

Há grande satisfação em ver a Cassie colocar incontáveis ​​homens em seus lugares enquanto eles tentam tirar vantagem dela em diferentes estados de embriaguez. Uma situação que infelizmente se repete muito na sociedade. Pergunte a quase todas as mulheres que você conhece, elas terão uma história muito semelhante à experiência de Cassie para te contar.

O maior problema com o filme está centrado na definição de sua mensagem. Para evitar dar spoilers, vou manter as coisas um pouco vagas, especialmente no que diz respeito ao final da trama, porque o terceiro ato, apesar de muito surpreendente, acaba quebrando um pouco o ritmo do filme.

Bela Vingança foi comercializado como um thriller de vingança e, embora haja elementos disso ao longo do desenvolvimento do roteiro, nunca realmente vemos na tela a retribuição pelas ações atrozes que estes homens fizeram. Diferentemente de quando vemos Cassie realmente se vingar em relação às mulheres que foram cúmplices do ato misterioso do qual ela busca retaliação.

Bela Vingança é um filme bem atuado que tem toques de vingança entrelaçados. É um dos filmes mais esteticamente agradáveis ​​que eu vi nos últimos anos. Embora seja apresentado em um turbilhão colorido, gosto da forma como ele tratou alguns tópicos sombrios que envolvem abuso e trauma.

O filme tem a ingrata missão de partir para uma conclusão tendo que lidar com a complicada questão que veio contornando ao longo da trama, a eterna guerra entre perdão e vingança e se há algum benefício em segurar a raiva para sempre, não importa o quão justificada ela seja.

É uma pergunta impossível de se responder de forma ampla, pois vamos ser honestos, estamos acostumados a ver homens abusadores sendo reintegrados e encorajados por seus pares a agir da mesma forma repetidamente, mesmo depois de serem confrontados.

A conclusão específica pela qual o filme opta é profundamente perturbadora e aparentemente tem a intenção de dar a merecida recompensa aos expectadores. Um filme subversivamente doce, mas que ao assistir nos traz a sensação de morder um cupcake colorido com um sabor surpreendentemente amargo.