Blow The Man Down
Data de Estreia: 20/03/2020
Direção: Bridget Savage Cole e Danielle Krudy
Distribuição: Amazon Prime Video
Comprado pela Amazon logo após sua exibição no festival de Tribeca de 2019, teve uma breve passagem por Toronto, chegando no catálogo da Amazon Prime Video em março de 2020.
O filme é uma idealização que podemos classificar como um NEO NOIR, onde as diretoras e roteiristas, muito possivelmente, se inspiraram em Fargo (1996). Isso carrega pontos muito positivos, mas traz pontos negativos adjacentes.
A história gira em torno das irmãs Priscilla, interpretada por Sophie Lowe e Mary Beth interpretada por Morgan Saylor, que acabaram de perder a mãe depois de uma longa enfermidade.
Priscilla, a irmã responsável, e Mary Beth, a irmã rebelde, estão começando a pensar no que será feito delas; o dinheiro acabou, a casa está em mau estado, a peixaria administrada por Priscilla mal paga as contas básicas da casa. E aí tudo se complica de vez, quando o encontro de Mary Beth com um sujeito violento acaba muito mal – o que leva as irmãs a mergulhar em uma trama paralela sobre uma insuspeita rede de crimes de sua cidadezinha costeira, operada por um grupo de senhorinhas que as meninas conhecem desde que nasceram e que são aqui representadas pelas excelentes Margo Martindale, Annette o’Toole, June Squibb e Marceline Hugot.
O filme não se define muito bem em seu subgênero entre drama, comédia e suspense, por isso a classificação inicial como NEO NOIR. O peso simbólico de Fargo é visto na estética, nas tentativas de humor mais ácido, se utilizando bastante da base cinematográfica deixada pelos irmãos Coen.
A proposta do filme é atraente, sendo esse o motivo pelo qual decidi assistir. A discussão em torno da rotina desta pequena cidade na costa do Maine e o comportamento dos moradores e pescadores do local é cativante.
O desenvolvimento que as diretoras de Blow The Man Down decidiram para a resolução dos fatos apresentados é absurdamente lento. Você sente os 90 minutos se passando, parecem que se passaram 3 horas de duração. Pode ser culpa da montagem, mas o estilo impresso no filme mostra isso e faz do ritmo um ponto negativo.
A fórmula do longa está estruturada toda em cima de um anticlímax, com uma introdução muito forte e interessante, um grande acontecimento, revelado no início do filme e que também aparece no trailer do filme. A partir deste grande acontecimento o filme parece não conseguir se sustentar, mesmo com grandes atuações do elenco.
Uma série de recursos são utilizados para buscar o interesse do expectador em torno da trama, o que te faz aguardar um equilíbrio, esperamos que o ato final consiga resgatar parte do grande momento dos minutos iniciais. Esperamos que o roteiro consiga nos trazer de volta a essa história, seja com um plot twist ou algo assim e não é isso que acontece.
Não existe uma ameaça verdadeira para comprometer o plano das duas irmãs, a polícia que poderia ter sido utilizada como força de equilíbrio na história, segue um padrão de comportamento absurdamente imaturo, mesmo para policiais de uma pequena cidade, tirando a credibilidade da própria investigação e consequentemente do filme.
Em determinado momento podemos achar que a investigação seria o foco das diretoras, que se fosse desenvolver uma sátira em torno dela. O marketing havia sido direcionado em torno do filme Fargo o que acaba elevando a expectativa. Em alguns momentos Blow The Man Down até consegue se aproximar de seu filme referência, mas o padrão de desenvolvimento é completamente diferente.
De todo modo, é um filme com identidade, que tem uma marcante trilha sonora desde a cena inicial. É uma obra com excelente fotografia, que traz uma paleta de cores acinzentada que nos faz assentir o clima frio característico do local.
Blow The Man Down em suma, é um filme que tem um excelente ato inicial e você espera a manutenção desse nível, o que acaba não acontecendo. O grande destaque fica para a identidade que o filme acaba criando e para a atuação das duas protagonistas que estão em excelente momento de atuação.
