Crítica | Dexter: New Blood

Dexter: New Blood
Data de Estreia: 07/11/2021
Criador: Clyde Phillips
Distribuição: Paramount +

Exibida entre 2006 e 2013, a série Dexter contou a história do serial killer que matava criminosos que conseguiam se safar com seus crimes. Ao longo de seus 96 episódios, o programa conquistou muitos fãs e, na mesma proporção, conseguiu decepcioná-los com um episódio final de gosto muito duvidoso. Sejamos sinceros, a última temporada inteira foi bastante confusa.

O anúncio de uma continuação para a série clássica dividiu opiniões. Muitos defenderam que o melhor era deixar de lado, já outros se empolgaram quando o criador, Clyde Phillips, prometeu que a nova produção consertaria o final atrapalhado exibido em 2013. Independente da vontade do showrunner, o ponto de partida era justamente esse episódio final ruim.

Em primeiro lugar é importante dizer que Dexter: New Blood é uma série que, na maior parte do tempo, respeita seu legado. Sob o nome falso de Jim Lindsay,  Dexter vive na pacata e fria Iron Lake, um grande contraste com a quente e úmida Miami. Ele parece ter conseguido conter seus impulsos assassinos e vive fora dos radares, trabalhando como atendente em uma loja de armas e namorando a xerife local.

Tudo muda quando Matt Caldwell, filho de uma importante personalidade da cidade cruza o caminho do nosso serial killer preferido. Para aumentar os problemas, Harrison, o filho que Dexter havia deixado com Hannah aparece, agora já adolescente. Nosso protagonista se vê dividido entre seu Passageiro Sombrio e suas obrigações paternas.

O retorno de Harrison é muito interessante. Vemos Dexter se desdobrar tentando descobrir como se cria um adolescente. Também temos algumas poucas cenas em que ele mostra suas habilidades investigativas, matando um pouco da saudades dos fãs de seu trabalho junto à polícia de Miami. Os habitantes de Iron Lake são simpáticos, mas à exceção de Angela, a xerife, não são muito bem trabalhados.

O vilão da temporada é vivido por Clancy Brown, o icônico Kurgan de Highlander – O Guerreiro Imortal (1986). Kurt Caldwell é um personagem que vai se revelando aos poucos. Ele guarda um grande mistério que não nos decepciona quando revelado. O maior problema para Dexter é que seu antagonismo com Kurt acaba sendo atravessado por Harrison.

Dexter: New Blood justifica sua existência. Isso é o mais importante. Os episódios contem uma grande carga de tensão que nos deixa apreensivos para o desfecho. Há sempre uma nova situação que exigirá muita habilidade de Dexter para escapar, o que não é nada de muito novo – isso já acontecia na série clássica. O maior problema é realmente o desfecho. Novamente a história dá uma acelerada na metade no último episódio e muitas coisas ficam atropeladas.

A nova produção sofre do mesmo mal que a série original: não ter calma suficiente para encerrar a história. É claro que o final de New Blood é melhor feito que o exibido em 2013. O último episódio da nova produção é bastante chocante e corajoso, mas poderia ter sido feito de outra forma a não atropelar revelações e construções que foram trabalhadas ao longo da temporada.

Há, por exemplo, a aparição de um personagem clássico que não faz a menor diferença, mal serve como homenagem. Outros aspectos da trama ficam subaproveitados e tudo é descartado com o último episódio, que parece ter sido escrito sob grande pressão. O final um pouco atrapalhado, contudo, não tira o mérito de a série ter trazido de volta um personagem muito querido.