Crítica | Exorcismo Sagrado

Exorcismo Sagrado
(The Exorcism of God)
Data de Lançamento: 10/02/2022
Direção: Alejandro Hidalgo
Distribuição: XYZ Films

Em seu segundo longa-metragem, Alejandro Hidalgo explora a temática da possessão demoníaca e dos rituais de exorcismo, buscando tecer uma crítica à Igreja Católica e subverter os clichês do subgênero. Exorcismo Sagrado (2022) é um filme de promessas. Ele promete polêmicas ao colocar no trailer a imagem de um cristo possuído. Apesar de trazer algumas discussões e efetivamente propor uma crítica, a história acaba ficando muito aquém do esperado.

O padre Peter Williams é um jovem idealista que vive no México. Logo no início de sua carreira clerical ele se depara com uma grande dificuldade, a possessão de uma jovem, Esperanza. Apesar dos avisos do experiente padre exorcista Michael Lewis, Peter encara o demônio Balban sozinho. Sua ação, porém, tem consequências muito graves.

Dezoito anos depois, o padre Peter vira uma espécie de santo para a comunidade que pastoreia. Ele é procurado por carcereiros de uma prisão feminina, dizendo que uma das detentas, que está muito doente, pediu por sua presença. Chegando lá, ele reencontra um antigo inimigo, o demônio Balban. Exorcismo Sagrado (2022), contudo, não opta pelo caminho óbvio, e propõe uma subversão dos clichês de filmes de exorcismo. Ele falha em causar polêmica e nos chocar, no entanto.

É visível o esforço do diretor para causar o choque no espectador. As tentativas não são muito bem sucedidas, no entanto. As cenas com o Jesus possuído já haviam sido todas mostradas nos trailers, o que já retira boa parte do impacto pretendido. Algumas polêmicas levantadas já estão no ar há algumas décadas, o que enfraquece ainda mais o argumento do roteiro. É claro que críticas a instituições religiosas são relevantes, mas Hidalgo não apresenta nada de novo em sua crítica.

A subversão prometida não funciona muito bem. Temos contato com ela mais no terceiro ato do filme, marcado por um estranho ritual de exorcismo que lembra mais a dinâmica de filmes de super-herói. O embate entre “exorcistas” parece fora de sintonia com o que estava sendo feito no primeiro ato. Outro aspecto que incomoda é a maquiagem, muito marcada por computação gráfica. Confesso não ter conseguido entender o conceito prometido.

Exorcismo Sagrado (2022) busca a polêmica, mas acaba negligenciando seu próprio roteiro. Faltou um trabalho maior de refinamento da história e cuidados com a produção. Hidalgo, infelizmente, não consegue manter o clima de tensão construído pela cena de abertura. É mais um daqueles casos de um roteiro que tem ideias muito boas, mas falha na hora de executá-las.