Floresta Maldita

Floresta Maldita
(The Forest)
Data de Estreia no Brasil: 08/01/2016
Direção: Jason Zada
Distribuição: Diamond Films

“The Forest” (ou “Floresta Maldita”, como diz o genérico título brasileiro) é um filme que alcança resultados no mínimo curiosos: quando em comparação com a expectativa de ser uma grande bomba igual a todos os filmes de terror lançados no início dos anos, o filme torna-se um passatempo agradável que, com seus tropeços, proporciona bons momentos de tensão; Porém, quando analisado como uma obra cinematográfica pura e simplesmente a obra mostra ainda mais seus defeitos claros. “The Forest” é o tipo de filme que se um amigo seu perguntar “E o filme é bom?” certamente sua resposta será “Não!”, mas se ele perguntar “E o filme é ruim?” sua resposta será a mesma.

Dando início a narrativa de forma absurdamente rápida e frenética, já que com cinco minutos de filme já há um jump sacre, voice over, flashback e uma sequencia de sonho, o filme conta a história de Sara (Natalie Dormer) que após descobrir que sua irmã gêmea está desaparecida resolve voar até o Japão para tentar encontrá-la. É então que ela descobre que as autoridades acreditam que sua irmã tenha ido para a (assustadoramente real) floresta Aokigahara, na qual as pessoas migram para cometer suicídio. Com tal sinopse é fácil de perceber que o filme utiliza de um meio aberto da natureza para sufocar paradoxalmente com um clima claustrofóbico (sendo que a floresta japonesa é também conhecida como “Mar de Árvores”), ficando sempre claro a desorientação crescente de seus personagens. Porém, a direção de Jason Zada acaba por forçar a mão na câmera tremida para reforçar tal sentimento, algo que mais distrai do que contribui.

Não é difícil também perceber a inteligência dos realizadores do filme para construir tensão com uma premissa simples a partir da sua temática e locação. Ao colocar a história se passando no meio de uma floresta japonesa (que fica ainda próxima do monte Fuji), com a perspectiva de ataque do sobrenatural, o filme se apropria da aura do terror de fantasmas tão popular na cultura japonesa, algo que é identificável para qualquer fã de filmes de terror. Além disso, é preciso ressaltar que o uso do tema “suicídio” é ainda uma busca ousada do filme por se estabelecer como um terror mais psicológico do que fantasmagórico (embora a própria obra não saiba qual o limiar para desenvolver ambos, como apontarei mais pra frente). Mas para além de qualquer rosto deformado que grita para a câmera junto de acordes altos de piano, é louvável o intuito dos realizadores de sempre tentarem fazer a narrativa fluir, já que sua protagonista está em constante movimento, algo que que talvez explique (mas não justifique) a decisão abordada acima de montar a abertura do filme de maneira tão apressada, o que danifica consideravelmente a conclusão do arco de sua protagonista.

Assim, é realmente irônico que estes aspectos interessantes representem também parte do elemento de frustração que experimentamos com a obra, já que da mesma forma que tais elementos são o que tornariam este filme mais intrigante e diferente para os espectadores fãs do gênero, os erros e clichês que estão a todo o momento prontos para pular na tela (literalmente) acabam desgastando justamente o envolvimento do mesmo tipo de espectador. Dessa forma, após ligar seus pontos no ato final (mas não de maneira tão inteligente que aparentemente o filme parece acreditar ter feito) os realizadores não conseguem resistir a tentação de usar o clichê “susto final”, ou mesmo quando a película consegue criar uma determinada cena tensa dentro da floresta (copiada de A Bruxa de Blair, vale ressaltar) logo a tensão se quebra com o recurso mais óbvio e barato do cinema: a sequencia de sonho – E o fato de o filme usar tal recurso por nada menos que três vezes no filme já diz muito.

Com um enorme tropeço de não perceber que seu terceiro ato poderia representar muito mais para o filme se melhor desenvolvido, a obra parece querer traçar um paralelo direto entre o que realmente está acontecendo com os “poderes” que a floresta possui (elemento com o qual flerta de maneira interessante em uma determinada cena), porém, com tal perspectiva, uma sequencia inteira igual a que se passa dentro de uma caverna simplesmente não tem real propósito para a história, já que além de ser indiferente para narrativa, culmina num susto previsível e barato. Tal indecisão (ou até mesmo uma prepotência dos realizadores quanto à aparente “genialidade” de seu filme)  reflete diretamente no espectador que ao final da projeção não demonstra gosto nem desgosto, apenas a indiferença.

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