Heks
Data de Lançamento: 15/12/2020
Direção: Reine Swart
Distribuição: Cleopatra Entertainment
Um conselho sempre dado e normalmente ignorado é: nunca julgue um livro pela capa. E isso definitivamente pode servir também para posters de filmes. “Heks” é um filme de terror sul africano lançado diretamente em home vídeo em dezembro e, intrigado pelo poster, decidi assistir. Spoiler: Não deveria.
Em “Heks” seguimos Dilanne (Coco Lloyd) que, após o falecimento de sua mãe, decide ir até a casa da mesma, na África do Sul, para um último adeus. A partir daí, Dilanne descobre segredos sobre sua mãe que podem pôr em risco todas as pessoas ao seu redor.
Numa trama que se entrelaça com o luto e jump scares baratos, é muito difícil manter a atenção durante os 82 minutos do longa – que parecem intermináveis. Pouca coisa aqui funciona de verdade. Talvez a tentativa de apresentar na grande mídia a mitologia de raízes negras seja o melhor apontamento positivo ao filme, mas mesmo isso deve ser apresentado com ressalvas, visto que o roteiro muitas vezes prefere repetir cenas, falas e situações interminavelmente à desenvolver a história de uma maneira mais fluida.
Fluidez, inclusive, que é muito prejudicada pela montagem do filme. Na tentativa de confundir o telespectador e parecer mais “cabeçudo” do que é, o filme mescla as cenas entre realidade, sonho, situações (que deveriam ser) espelhos e alucinações, além das aparições sobrenaturais, que são completamente gratuitas por 80% do filme. Os cortes avulsos para cenas avulsas em momentos avulsos tiram completamente a imersão de quem assiste. Miraram num estilo de montagem do David Lynch, mas acertaram em Bohemian Rhapsody (2018).
“Heks” também desaponta no quesito atuações. Não que exista alguém particularmente ruim – e em muito podemos até culpar o roteiro da também diretora do longa, a atriz Reine Swart (Z Nation) – mas tirando Mary-Anne Barlow, que interpreta as gêmeas Kelly e Lisa, ninguém realmente parece tentar fazer algo diferente do: “nada acontece, faz cara de surpresa, grita, corta” que é boa parte do filme.
As assombrações parecem estar ali só para assustar quem assiste, não necessariamente para ter alguma ação no filme, e os fantasmas decidem agir apenas no último ato, quando não havia mais escapatória e eles precisavam fazer alguma coisa. A maquiagem, no entanto, é bem digna – me atacando a tripofobia por duas vezes, inclusive, assim como as máscaras e a ambientação da caverna da feiticeira que aparece em determinado momento no longa.
No mais, “Heks” é um filme que tem uma boa premissa de mitologia, mas que não sabe como agir a partir daí e tenta esticar um drama interminável até a duração necessária para ser considerado um longa-metragem, enchendo muita salsicha em sua duração.
