Crítica | Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio

Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio
(The Conjuring: The Devil Made Me Do It)
Data de Estreia no Brasil: 03/06/2021
Direção: Michael Chaves
Distribuição: Warner Bros.

Longos 5 anos se passaram desde que as tenebrosas aventuras de Ed e Lorraine nos assombraram nas telonas, até então, pela última vez. Após um bom tempo de espera pelo terceiro filme da franquia, que foi anunciado em junho de 2017, podemos finalmente conferir o que nos esperava. E por mais difícil que seja admitir isso, grande coisa definitivamente não era. Com uma narrativa que se distancia significativamente do ritmo e da abordagem de horror que estávamos acostumados, e que outrora funcionaram tão bem, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio ainda nos diverte e emociona, mas já não nos amedrontando como antes. Continue lendo para saber o que exatamente nos é apresentado pelo diretor Michael Chaves, responsável pelo lamentável A Maldição da Chorona (2019).

A história deste terceiro filme circunda um curioso fato real: a primeira vez na história dos Estados Unidos que um suspeito de assassinato alega ter sofrido uma possessão demoníaca no momento do crime. É para provar a inocência do rapaz e para salvar sua alma que Ed (Patrick Wilson) e Lorraine (Vera Farmiga) terão de investigar os acontecimentos, adentrando uma área sobrenatural perigosa que pouco conhecem, envolvendo maldições e pactos satânicos.

A química entre Ed e Lorraine, particularmente entre os atores Vera Farmiga e Patrick Wilson, continua forte, produtiva e comovente como sempre, e consegue ser, novamente, o ponto mais forte do longa. O carinho e a preocupação que um possui pelo outro são inspiradores, além de essenciais para que nos entreguemos completamente àqueles personagens e às situações aterrorizantes que  enfrentam. Ainda funcional, Invocação do Mal 3 utiliza parte da fórmula que desenvolveu desde o primeiro filme da franquia, e que aos poucos foi se desgastando em spin-offs muito aquém da atmosfera gerada pela obra principal. Porém, mesmo a trilogia principal apresenta um declínio, por vezes sutil, da qualidade e da originalidade apresentada nas produções anteriores.

A principal diferença que evidencia este declínio não é apenas o afastamento de James Wan da direção da franquia, como muitos podem achar, mas sim a ausência da forma funcional a qual  os roteiros dos dois primeiros filmes, escritos pelos gêmeos Chad e Carey Hayes (ausentes neste terceiro filme), conciliam de forma brilhante os eventos causados por diferentes ameaças demoníacas/sobrenaturais, como no caso da bruxa Bathsheba e de Annabelle em Invocação do Mal (2013), ou mesmo da freira Valak e do espírito de Bill Wilkins em Invocação do Mal 2 (2016). Aqui a trama não se apoia em uma dupla ameaça, mas sim em uma tímida investigação que se desenrola na tentativa de provar a inocência de Arne Cheyenne Johnson (Ruairi O’Connor). Investigação essa que na maior parte do tempo caracteriza o filme como um suspense, mais do que um horror de fato, com exceção de pouquíssimas cenas realmente assustadoras, mesmo que nada memoráveis.

A trama encontra obstáculos para correlacionar os acontecimentos com os objetivos dos personagens e com as sub-tramas, que são simplesmente pinceladas, mas tomam um tempo considerável de tela. Nenhum novo personagem nos cativa da mesma maneira que outros da franquia. Muito disso se deve à limitada apresentação das circunstâncias de Invocação do Mal 3, em que tudo e todos parecem estar ali apenas para preencher um espaço e nos levar a sustos, por sinal, previsíveis. Falta a essência do horror e a união familiar tão importante nos filmes anteriores. Por não preparar o terreno e muito menos construir a tensão necessária antes de resolver suas cenas, a obra falha em nos causar o medo que tanto esperávamos sentir.

Mesmo com seus problemas, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio cumpre com o propósito de entreter os fãs tão ávidos por um bom terror e promete momentos marcantes com o casal de demonologistas mais amado de todo o cinema. É mais uma chance de vermos essa dupla de atores e personagens que sempre funciona muito bem, independente da história que possuem em mãos. O terceiro filme da franquia de horror mais popular do século XXI, criada por James Wan, que assina o roteiro e a produção do filme, nos decepciona pelo horror, mas nos ganha pelo emocional.