Crítica | Lifechanger – Devorador de Almas

Lifechanger
Data de Lançamento: 11/07/2019
Direção: Justin McConnell
Distribuição: Independente

 

Com sua sinopse oficial direta e intrigante “Um metamorfo assassino inicia uma missão sangrenta para fazer o certo pela mulher que ama”, Lifechanger (2018) fala sobre um tema pouco explorado nos filmes de horror, os Metamorfos – criaturas com a capacidade de assumir várias formas. Com uma mensagem arrepiante, fotografia que lembra Cronenberg, um roteiro enxuto e narrado em primeira pessoa, ações e atuações corretas, o filme sobrepujou as perspectivas que havia preparado para assisti-lo.

Escrito e dirigido pelo cineasta canadense Justin McConnell, Lifechanger segue um misterioso ser que rouba a forma, as memórias e a vida de suas vítimas, abandonando a casca seca de um cadáver. Com esta premissa assustadora, você chega a imaginar que o filme seguiria uma história de investigação em busca do rastro desta criatura cruel. Mas McConnell oferece algo muito mais surpreendente, sofisticado e ricamente perturbador.

A trama segue nos apresentando um assassino em série que muda de forma, seguindo sempre de um corpo para outro e permitindo ao expectador ter acesso aos seus pensamentos mais íntimos através da narração em off. Um recurso extremamente válido para a construção do personagem e para os desdobramentos do roteiro.

A criatura não anseia pela morte. O assassinato é seu meio de sobrevivência. Quando sua pele começa a se deteriorar, é hora de encontrar outra forma. Seu desapego diante de todo esse horror é assustador. Através da narração, a criatura nos apresenta um interessante novo objetivo, além da pura e simples sobrevivência na troca de corpos que vem fazendo.

Como terror, Lifechanger (2018) é satisfatório em vários níveis. Em termos de violência gráfica, é adequadamente sangrento e sombrio. A história é tão fascinante quanto imprevisível. Com cada novo corpo, novas possibilidades e problemas surgem, levando nosso assassino treinado e metódico a decisões precipitadas e cada vez mais imprudentes. O roteiro nos leva pela mão e chega a nos fazer sentir empatia por uma criatura assassina. Este exercício de terror enxuto e de baixo orçamento continua avançando em sua história até sua conclusão.

Mas o que tornou o filme verdadeiramente genuíno e assustador foi a revelação final deste sombrio metamorfo no terceiro ato, algo terrivelmente chocante que superou minhas expectativas. Esse para mim foi o maior e mais assustador horror em Lifechanger.