Crítica | Morte, Morte, Morte

Morte, Morte, Morte
(Bodies, Bodies, Bodies)
Data de Lançamento no Brasil: 06/10/2022
Direção: Halina Reijn
Distribuição: Sony

A produtora A24 se estabeleceu como uma das maiores produtoras de horror atuais. Seus filmes são acompanhados por grande expectativa. Morte, Morte, Morte (2022), a tradução nacional para Bodies, Bodies, Bodies, estava entre uma das grandes estreias de 2022, mas entregou uma história pouco empolgante, apesar das boas atrizes.

O roteiro diz ser inspirado no conto Cat Person de Kristen Roupenian, mas aparentemente apenas alguns nomes se mantiveram, a história foi completamente alterada. A direção, inicialmente, seria de Chloe Ukono, mas acabou ficando com Halina Reijn (Instinto, 2019), diretora com apenas outro longa no currículo.

Na história, um grupo de amigos se reúne na casa de um dos amigos ricos para festar. Sophie (Amandla Stenberg) chega aparentemente de surpresa. Apesar de ter sido convidada, ela não havia respondido se iria ou não. A moça teve problemas anteriores com dependência química e ficou um tempo em reabilitação. Os amigos também julgam sua namorada, Bee (Maria Bakalova), que se veste diferente e tem uma personalidade que não combina com aquele grupo.

A sátira à geração Z tem bons momentos, algumas piadas engraçadas, mas outras soam tão forçadas que é difícil arrancar um riso. Há cenas em que o roteiro parece um compilado de tuites, sem muito significado ou relevância para a história.

O primeiro ato é bem conduzido, temos o estabelecimento de alguns estereótipos para entendermos as personagens mais rapidamente, mas fica nisso. Os personagens em tela soam muito rasos, estando ali apenas para justificar algumas piadas do roteiro. A coisa melhora quando há a primeira morte. A cena é bem feita e há um clima de tensão.

O segundo ato é o ponto alto do filme. Os personagens divididos em suas próprias investigações, corpos aparecendo, acusações, brigas… O uso da luz individual como iluminação de cena é muito interessante. Cada personagem possui seu próprio foco de luz (à exceção de Sophie, mas isso possui relação com sua personalidade). Nesses momentos a direção de Reijn brilha.

A partir de um conflito que envolve quatro personagens e uma arma, dando início ao 3º ato, é que o roteiro começa a mostrar sinais de cansaço. A briga pela arma é muito artificial, as piadas não funcionam, a crítica à geração Z fica repetitiva e pouco criativa. Acredito que seja a cena que divide quem gostou e quem não gostou do filme. Há um problema de filmagem também. O plano muito fechado não nos permite nem entender a briga física.

A história fica tão confusa e as personagens tão forçadas que o plot twist, que poderia ser muito interessante, perde seu potencial de surpreender. Quando chegamos a esse ponto no filme, já estamos cansados e a reviravolta se torna um balde de água fria.

Apesar de ter boa direção, na maior parte do filme, e ter escalado boas atrizes, Morte, Morte, Morte (2022) tem dificuldade em se mostrar um filme empolgante. A crítica funciona melhor na primeira parte do longa, mas vai se desgastando ao longo do segundo ato e, quando chega no terceiro, já está cansativa. Há certa comparação com Pânico (1996) por parte da crítica, mas o filme de Wes Craven não se resume a uma paródia slasher, há também um excelente roteiro.