Crítica | O Chamado 4

Sadako DX

Direção: Hisashi Kimura

Ano: 2023

País: Japão

Distribuição: Paris Filmes

Nota do crítico:

Como diria o filósofo Away de Petrópolis: “É muita falcatrua… com um pouquinho assim de vadiagem”. De início é importante avisar, O Chamado 4 (2023) não é The Ring 4, como muitos desavisados pensaram. Trata-se de Sadako DX (2022), uma comédia adolescente japonesa que cria uma história/paródia no universo de O Chamado. A distribuição brasileira apenas colocou o nome da franquia original, seguido de um 4 e torceu para o marketing funcionar.

O Chamado 3 (2017) já foi bem ruim. A história, completamente sem sentido, personagens mal escritos e um horror tímido, resultaram em um filme fraco e sem carisma. Contudo, O Chamado 4 (2023) consegue superar todas as – baixas – expectativas. Tanto no trailer, quanto no pôster, quanto no material promocional, em todos os lugares se afirmou que o filme se trata de um título de horror, que é necessário coragem para assisti-lo…

Infelizmente, a promoção foi feita de forma equivocada. Como dito anteriormente, Sadako DX é uma comédia adolescente (bem bobinha). O que não é ruim por si só. Há momentos verdadeiramente engraçados nesse filme. A todo momento se brinca com as regras da franquia, com teorias de fãs, com a própria figura da Samara/Sadako. Apesar de um primeiro ato razoável e engraçado, o roteiro vai se perdendo na própria paródia e o filme parece muito mais longo do que seus 100 minutos.

Na história, mortes misteriosas que acontecem no Japão, na China e em outros países ao redor, são relacionadas a uma antiga lenda que envolve uma certa fita de vídeo amaldiçoada. Em um programa de auditório na TV, um médium charlatão, Kenshin, e uma estudante de QI alto, Ayaka Ichijo, debatem o tema, opondo crença e ceticismo. 

A construção da personagem de Ayaka é de se elogiar. Ela é a tradicional personagem cética dos filmes de horror e protagonista dessa história. Seu envolvimento passa a ser maior quando sua irmã assiste ao vídeo maldito. A estudante é praticamente uma Sherlock Holmes, com direito a uma cena em que ela descobre que a mãe foi ao cemitério por conta dos pelos de cachorro no banco do carro (sim…).

O vídeo da Sadako não é o clássico, as vítimas agora tem apenas 24h de vida, não mais uma semana, e a própria “demônia” está com aparência diferente e mutável. As explicações são todas pouco convincentes e chega a ser cômico o gesto de “girar manivela” que Ayaka faz quando quer acessar suas próprias memórias.

O Chamado 4 (2023), se for assistido como um filme de comédia, até não é de todo ruim, mas não chega a ser um filme bom. O roteiro, as atuações, a direção… Está tudo bem abaixo da média. O maior problema foi o título brasileiro que engana os desavisados que, com certeza, irão tomar um susto nas  salas de cinema – e não será por conta da Samara…