Crítica | O Exorcista do Papa

The Pope’s Exorcist

Direção: Julius Avery

Ano: 2023

Distribuição: Sony

País: EUA

Nota do crítico:

Com um trailer que não animou quase ninguém, O Exorcista do Papa (2023) aposta em mistura de tom cômico e elementos clássicos do subgênero de filmes de exorcismo e entrega resultado interessante, com uma ótima e inspirada atuação de Russell Crowe. A história é inspirada em relatos de Gabriele Amorth, padre que realmente existiu e ocupou o cargo de exorcista-chefe do Vaticano – ele ganhou até um péssimo documentário dirigido por William Friedkin, diretor de O Exorcista.

Na história, Julia se muda com seus dois filhos, Amy e Henry, dos EUA para a Espanha. A família herdou um antigo monastério e pretende reformá-lo para vendê-lo depois. O problema é que o local guarda um passado sombrio. No melhor estilo filmes direto para a TV ou VHS, a reforma acaba liberando um mal antigo que possui Henry e tem início a possessão.

Por conta do histórico macabro e misterioso do local, o próprio Papa envia seu exorcista de maior confiança, Gabriele Amorth, para ajudar o jovem Henry. Ao mesmo tempo, o exorcista italiano enfrenta uma comissão de cardeais que questiona seus métodos. Amorth e o Papa defendem que o Diabo é real e presente, já os clérigos mais jovens acreditam que Satã seja mais um conceito do que algo real.

Falta criatividade no roteiro. Não se trata de uma obra-prima do cinema. Mas é um filme muito divertido. Todos os clichês de filmes de possessão estão lá. Cabeças girando, jovens levitando, padres sendo arremessados para o outro lado do cômodo, blasfêmias… Mas tudo é balizado pelo humor ácido de Amorth, interpretado por um Russell Crowe que está muito à vontade, fazendo piadas de tiozão e bebendo whisky. Mesmo nos momentos mais absurdos o ator não se abala e mantém a personalidade fanfarrona do padre.

Há momentos assustadores? Sim, mas eles possuem uma pegada mais aventuresca, como na franquia Invocação do Mal. Sustos e risadas são equilibrados, há uma tentativa de debater um tema histórico, mas nada muito profundo – é até um pouco estranha a abordagem, para falar a verdade.

O Exorcista do Papa (2023) é uma farofa gostosa. Um filme para assistir sem pretensões. A baixíssima qualidade do trailer ajuda a reduzir as expectativas e o carisma de Crowe é magnético. Há um trabalho de maquiagem bem feito e até mesmo explosões – sim, explosões em um filme de exorcismo. Apesar de já imaginarmos o final antes mesmo de o filme começar, ele agrada.

Teria Russell Crowe disposição para iniciar um Amorthverso? Provavelmente não, mas valeu a pena por essa experiência. Recentemente os títulos de possessão estavam muito abaixo do razoável. O Sétimo Dia (2021) foi péssimo. Invocação do Mal 3 (2021) frustrou boa parte dos fãs. Apesar dos pesares, o filme de Julius Avery (Operação Overlord, 2018) entrega entretenimento.