Crítica | O Homem Nas Trevas 2

O Homem Nas Trevas 2
Data de Lançamento no Brasil: 12/08/2021
Direção: Rodo Sayagues
Distribuição: Sony Pictures

Com o lançamento do surpreendente Evil Dead (2013), remake do clássico homônimo de 1981, o diretor uruguaio Fede Álvarez, que recentemente nos trouxe a excelente série Calls, original da Apple TV+, cravou seu nome na história dos filmes de horror. Após um longa de estreia muito elogiado pelo público e pela crítica especializada, o cineasta já estava encaminhado para o sucesso com seu segundo longa, O Homem Nas Trevas (2016), que se configurou como um dos thrillers mais sufocantes dos últimos tempos. 5 anos depois, é finalmente lançada uma continuação deste sucesso que rendeu bons sustos e muita tensão para diversos espectadores ao redor do mundo. Porém, desta vez o responsável pela direção é Rodo Sayagues, o braço direito de Álvarez nos roteiros de suas produções.

Passando-se 8 anos após a primeira invasão, Norman Nordstrom (Stephen Lang), vive de forma reclusa com seu cão e sua filha Phoenix (Madelyn Grace), uma garotinha de 11 anos, nos subúrbios de Detroit, enquanto a prepara para os horrores deste mundo. Porém, é quando um novo grupo de assaltantes resolve cruzar o caminho de Norman para cobrar o preço de seus pecados que toda a verdade começa a vir à tona.

Abdicando de boa parte da tensão construída com maestria no primeiro longa, O Homem Nas Trevas 2 aposta essencialmente no protagonismo e até humanização de seu antigo antagonista, que agora busca a todo custo defender não somente sua casa, como também sua filha. Há algumas cenas que se apresentam e se resolvem de maneira inteligente, principalmente envolvendo Phoenix. O ritmo frenético e a boa atmosfera elaborados durante o primeiro ato fazem o espectador esperar por uma sequência quase tão boa quanto o filme antecessor. No entanto,  a partir de seu primeiro ponto de virada, o roteiro de Sayagues e Álvarez consegue se desfazer dessas expectativas com a mesma facilidade que as germinou.

O maior problema da narrativa reside, sem dúvidas, na mudança de foco do gênero principal. Em vez de trabalhar o suspense com base nos acontecimentos sutis que antecedem uma ameaça mais abrupta, a obra vai direto ao ponto, garantindo conflitos exagerados e muita ação. Ainda que a introdução seja interessante, ao nos lembrar das capacidades de Norman, o terreno não é preparado o suficiente para nos entregarmos completamente às atitudes e aos objetivos do protagonista. Falta coesão e uma premissa mais elaborada para comprarmos a ideia de um criminoso como Norman ter se tornado uma espécie de herói. Tudo soa apressado demais para ser verossímil.

O possível drama familiar existente na relação entre Norman e Phoenix se mostra um grande potencial desperdiçado, em prol das objetivas, temporárias e nem sempre eficazes cenas de combate. Ao nos deixar entretidos, porém emocionalmente insatisfeitos, a obra evidencia seu objetivo, que por sinal já esperávamos desde seus trailers de divulgação. Com todos os seus erros e acertos, O Homem Nas Trevas 2 não decepciona mais do que agrada, mas passa longe de se tornar algo próximo do que o primeiro filme significou para o gênero.